Erdogan pede ajuda a Maputo para travar movimento de Gülen
24 de janeiro de 2017Recep Tayyip Erdogan afirmou esta terça-feira (24.01) que o movimento de Fethullah Gülen, o clérigo turco exilado nos Estados Unidos e que o Presidente turco defende que esteve ligado à tentativa de golpe de estado na Turquia, em julho do ano passado, "está presente em Moçambique”.
"Têm uma rede vasta de escolas e associações em várias partes do mundo e têm uma rede muito ampla também aqui em Moçambique”, afirmou o Presidente turco no final de um encontro com o homólogo moçambicano, Filipe Nyusi.
O Chefe de Estado turco descreve o movimento de Fethullah Gülen como grupo terrorista que está a desestabilizar o país. Assim, com vista à neutralização do grupo, Erdogan pede ajuda a Maputo: "Gostaríamos de contar com o vosso apoio para combater este grupo em todas as partes do mundo.”
Segundo ainda o líder turco, "o grupo infiltrou-se nas forças armadas, na polícia e em instituições do Estado da Turquia e está a levar a cabo agendas ocultas em várias partes do mundo”.
O Presidente moçambicano não fez qualquer referência ao assunto.
Turquia e Moçambique assinam seis acordos
Esta deslocação a Maputo é descrita como um momento de viragem na relação entre os dois países. Em 2016, o comércio bilateral foi estimado em cerca de 100 milhões de dólares. Recep Tayyip Erdogan espera que o volume da cooperação comercial possa superar, em breve, os 250 milhões de dólares e, em uma fase seguinte, os 500 milhões de dólares.
Esta visita termina com a assinatura de seis acordos de cooperação, nomeadamente, para a supressão de vistos em passaportes diplomáticos e de serviços, a realização de consultas políticas, a cooperação económica e comercial e a promoção de investimentos. Os acordos visam ainda as áreas da cultura e turismo.
Para intensificar as relações entre os dois países, Erdogan propôs a abertura, em Maputo, de um escritório regional da agência de cooperação turca e de uma embaixada de Moçambique em Ancara.
O Presidente turco fez-se acompanhar de 150 empresários, que participaram no Fórum de Negócios Moçambique-Turquia.
Turquia é porta de entrada para o Médio Oriente
Do lado de Moçambique, o Presidente afirmou estar satisfeito com o estágio da cooperação entre a Maputo e Ancara, que regista um sentido "crescente”. Filipe Nyusi nota que as relações bilaterais mostram "sinais de firmeza e de crescimento”.
"Para nós, a Turquia não é só um país amigo ou irmão com quem temos relações diplomáticas, mas também é uma porta de entrada para o Médio Oriente com muita firmeza”, acrescentou.
A Turquia tem-se aproximado nos últimos anos de Moçambique, onde se tornou num dos dez maiores investidores estrangeiros.