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Presidente dos Camarões anuncia recandidatura no Twitter

AFP | ar | ms | Eric Topona
13 de julho de 2018

Há 35 anos no poder, o Presidente de Camarões, Paul Biya, anunciou esta sexta-feira no Twitter que concorrerá às eleições de 7 de outubro. Candidato da oposição, Joshua Osih comentou anúncio em entrevista à DW África.

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Paul Biya: "Serei o vosso candidato às próximas eleições presidenciais"Foto: picture alliance/abaca/E. Blondet

As eleições presidenciais nos Camarões irão decorrer num contexto de tensão, na medida que o país enfrenta invasões do grupo jihadista nigeriano Boko Haram a norte e tem sido palco de conflitos nas regiões anglófonas, a noroeste e sudoeste, entre o exército e grupos separatistas radicais.Ontem, quinta-feira (13.07), em Kumba, sudoeste do país, um comboio em que seguia o ministro da Defesa, Joseph Beti Assomo, foi atacado. Quatro militares e um jornalista ficaram feridos e vários atacantes foram mortos. O movimento separatista tem ganho força desde finais do ano passado, procedendo a ataques às forças da ordem e segurança, incendiando escolas, violando símbolos administrativos e sequestrando funcionários públicos.

Para além de Paul Biya, outros candidatos às presidenciais já são conhecidos, entre os quais Joshua Osih, da Frente Democrática Social, principal partido da oposição, também o vice-presidente local da organização Transparência Internacional, Akere Muna, e o presidente do partido Movimento para a Renascença dos Camarões, Maurice Kamto.

Presidente dos Camarões anuncia candidatura a sétimo mandato

Paul Biya "precisa de repouso"

Para Joshua Osih, candidato da Frente Patriótica Social às eleições presidenciais de 7 de outubro, o anúncio de candidatura feito pelo Presidente cessante Paul Biya não devia existir e explica a sua posição à DW África.

“O país está numa situação de implosão social, a economia está de rastos, a unidade nacional já não existe, a paz no país desapareceu e os jovens continuam desesperadamente à procura de trabalho. A situação está assim tão complicada por causa da má governação do país. Os Camarões é hoje um Estado falhado”, afirma Joshua Osih.

Segundo o líder do principal partido da oposição nos Camarões, Paul Biya ao anunciar a sua candidatura a um novo mandato mostrou aos camaroneses que está numa lógica de tudo ganhar ou de tudo perder, mas não é isso que os camaroneses querem atualmente. Joshua Oish acredita que a população esperava que Biya reconhecesse não “poder estar em condições de governar um país”.

“Ele precisa de repouso e deixar aos camaroneses a possibilidade de fazer outras escolhas".

Em entrevista à DW, Joshua Osih, considera que na verdade o próximo pleito eleitoral será mais um referendo do que propriamente uma eleição presidencial.

Programmankündigung in Berlin Joshua Osih Opposition Kamerun
Cartaz de um evento com Joshua Osih na Alemanha

“Os camaroneses vão decidir se o país deve continuar como está ou se deve encontrar outras vias e formas de desenvolvimento”.

Entretanto, enquanto os candidatos às presidenciais começam a preparar as suas campanhas eleitorais a nível nacional, as regiões anglófonas do país continuam a viver sob grande tensão provocada por conflitos sangrentos. Desde o início desses conflitos, já morreram mais de 80 funcionários das forças de segurança.

Questionado se o Presidente Paul Biya não tomou as medidas necessárias para acabar com a violência nas províncias anglófonas, Joshua Osih afirmou que a medida que deve ser tomada por Biya é “deixar a presidência”.

“O anúncio que fez hoje da sua nova candidatura não é mais do que prolongar a crise nas províncias anglófonas. O problema está na pessoa de Paul Biya como Presidente dos Camarões. Toda violência que se verifica no país é o resultado da má governação.

Exemplo para outros países seguirem?

Paul Biya comunicou a sua candidatura esta quinta-feira (13.07) na rede social Twitter.

"Consciente dos desafios que devemos ultrapassar juntos para [um Estado dos] Camarões ainda mais unido, estável e próspero, aceito responder positivamente aos vossos incessantes apelos. Serei o vosso candidato às próximas eleições presidenciais", escreveu o chefe de Estado no Twitter.

Pelo menos 12 países africanos estão envolvidos em processos em que pretendem reverter a ordem constitucional e pôr cobro à limitação de mandatos.

Argélia, Camarões, Guiné Equatorial, Ruanda, Uganda, Burundi, Gabão, Congo, Togo, Zâmbia, Quénia e RDCongo, por diferentes razões, os seus respetivos Presidentes querem perpetuar-se no poder.

Mas, segundo vários observadores, a dúvida paira sobre que caminho poderão seguir outros dos restantes 43 Estados africanos se a democracia, tal como está implantada, pode ser revertida.

Tensão no país

Os Camarões foram uma colónia britânica e francesa até 1960, altura em que se tornou independente e instaurou um Estado federal até à realização de um referendo em 1972, que o unificou

O movimento separatista ganha força desde o fim de 2017, procedendo a ataques às forças da ordem e segurança, incendiando escolas, violando símbolos administrativos e sequestrando funcionários públicos

Desde o início dos conflitos, já morreram mais de 80 funcionários das forças de segurança nas regiões anglófonas do país africano. A minoria anglófona queixa-se de marginalização em relação à maioria francófona em matéria de distribuição de riqueza e diz que o inglês é considerado uma língua secundária.

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