Senegal: Macky Sall adia eleições presidenciais
3 de fevereiro de 2024
O chefe de Estado senegalês, Macky Sall, anunciou, este sábado (03.02), a revogação do decreto que fixava o dia 25 de fevereiro como data das eleições presidenciais no país, adiando "sine die" o ato eleitoral.
A decisão surge após a criação de uma comissão parlamentar que investiga dois juízes do Conselho Constitucional cuja integridade no processo eleitoral é contestada.
"Assinei o decreto de 03 de fevereiro de 2024 que revoga o decreto" de 26 de novembro de 2023 que fixava as eleições presidenciais para 25 de fevereiro de 2024, disse o Presidente senegalês num discurso à Nação, poucas horas antes da abertura dos trabalhos do Congresso.
O Conselho Constitucional é um órgão essencial no processo eleitoral no Senegal, com a responsabilidade de proclamar os resultados das eleições presidenciais e decidir acerca de eventuais impugnações.
"Iniciarei um diálogo nacional aberto a fim de criar as condições para uma eleição livre, transparente e inclusiva", afirmou Sall no seu discurso, sem indicar uma nova data para a realização do escrutínio.
Esta é a primeira vez desde 1963 que uma eleição presidencial por sufrágio universal direto é adiada no Senegal.
A campanha eleitoral para as eleições presidenciais do próximo dia 25 no Senegal deveria começar hoje, com 20 candidatos aprovados pelo Conselho Constitucional a concorrerem à sucessão de Macky Sall, impedido pela Constituição de se recandidatar a um terceiro mandato.
Opositores impedidos de concorrer
De fora da corrida tinham ficado Ousmane Sonko, popular figura da oposição e com grande apoio entre o eleitorado mais jovem, e Karim Wade, filho do ex-presidente Abdoulaye Wade (2000-2012).
Desde a sua detenção em julho, Sonko tem estado envolvido numa batalha judicial para participar nas eleições. As autoridades acusam-no, entre outros crimes, de incitar à insurreição, de atentar contra a segurança do Estado e de associação a uma empresa terrorista.
Já esta sexta-feira, o Partido Democrático Senegalês (PDS), de Karim Wade, cuja candidatura às eleições presidenciais foi rejeitada pelo Conselho Constitucional, havia pedido o adiamento do sufrágio alegando graves falhas no processo eleitoral.
"A nossa iniciativa parlamentar é motivada pelos inúmeros incidentes e desafios que distorceram o processo eleitoral, colocando em evidência disfunções graves", lê-se no documento.
Às presidenciais no Senegal deveriam concorrer 20 candidatos, entre os quais dois líderes da oposição.