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PR do Botswana reitera envio de elefantes para a Alemanha

Eddy Micah Jr. | DW (Deutsche Welle)
19 de abril de 2024

No início de abril, o Presidente do Botswana ameaçou enviar 20 mil elefantes para a Alemanha, em resposta às críticas de Berlim à exportação de troféus de caça. Em entrevista à DW, Masisi Mokgweetsi reitera a "oferta".

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Um elefante atravessa o caminho no Parque Nacional de Chobe, no Botswana, seguido de um veículo todo-o-terreno que transporta turistas
O Botswana alberga a maior população de elefantes do mundoFoto: picture-alliance/dpa

"Quero que os alemães sintam o que nós sentimos, passem pelo que nós passamos e façam parte da solução para este problema de não ter o suficiente dessas espécies magníficas. Partilhar o fardo", justificou o chefe de Estado, que no início deste mês disse que poderia enviar 20 mil elefantes para a Alemanha.

Estima-se que 90% dos elefantes em África tenham sido dizimados desde o início do século XX, em grande parte devido à caça, ao comércio de marfim e à caça furtiva. Consequentemente, os elefantes estão classificados como animais em perigo de extinção. Mas não no Botswana, que alberga a maior população de elefantes do mundo, com cerca de 130 mil. Mantê-los alimentados, seguros, livres de doença é um "sacrifício enorme", sublinha Masisi Mokgweetsi.

"Somos o único país do mundo que reservou 40% da sua massa terrestre para a conservação. É um sacrifício enorme. Se pensarmos no custo das oportunidades do que poderiam ser outras atividades realizadas nessa massa, isso mostra o sacrifício que é", sublinha.

O Presidente do Botswana referiu anteriormente que a caça controlada de elefantes é um recurso económico, que contribuiria para travar um aumento descontrolado do número de elefantes. Segundo Masisi Mokgweetsi, a Alemanha teria ameaçado proibir a importação de troféus de caça.

Masisi Mokgweetsi, Presidente do Botswana, numa outra entrevista à DW, em 2022
Masisi Mokgweetsi: "Quero que os alemães sintam o que nós sentimos, passem pelo que nós passamos"Foto: DW

Risco para as relações diplomáticas?

Questionado pela DW se não estaria a quebrar as relações diplomáticas e a arriscar um confronto com a Alemanha, o chefe de Estado respondeu: "Não, não, não é isso. Não é de todo. Não estou a atacar o Governo alemão. Não estou a atacar o povo alemão. Estou a falar de uma posição a partir da nossa perspetiva, o que sentimos e experienciamos. E não há qualquer risco em sermos francos sobre o que vivemos. Por isso, não foi uma ofensa aos nossos amigos alemães."

Mokgweetsi frisou ainda que a relação do Botswana com a Alemanha não é definida por elefantes: "Temos relações bilaterais muito fortes, relações diplomáticas muito fortes que se baseiam no benefício mútuo e na reciprocidade."

Controlar o crescimento populacional dos elefantes é visto como primordial pelo Botswana. Mas que plano sustentável permitirá obter a ajuda da Alemanha e da comunidade internacional?

"Acabar com esta barreira comercial e acabar com o complexo de sanções ao nosso produto. Acabem com isso. Isso seria uma grande ajuda", respondeu.

"Mas também podemos dedicar-nos à investigação e ao desenvolvimento. Porque estamos interessados em revitalizar a economia e parte do desenvolvimento da investigação para lidar com este problema, talvez para encontrar um meio de mitigar o crescimento da população de uma forma não invasiva, não intrusiva, não letal", concluiu o Presidente.

Botswana: O dilema dos elefantes