Burkina Faso: Líder da transição denuncia tentativa de golpe
2 de dezembro de 2022Segundo a Rádio Ómega, hoje citada pela Efe, Ibrahim Traoré confirmou, assim, que houve uma tentativa de "desestabilizar" o regime registada no passado fim de semana.
O líder militar fez esta revelação na quinta-feira (01.12), durante um encontro na capital do Burkina Faso, Ouagadougou, com organizações da sociedade civil e religiosos, que contou com a presença de mais de mil pessoas.
O capitão, segundo disseram alguns participantes à Rádio Omega, pediu o apoio da sociedade porque há "forças" que pretendem sabotar a transição política em curso neste país da África Ocidental.
O presidente da transição disse conhecer os autores da "manobra", mas preferiu não os travar, porque quer promover o diálogo, garantindo que a situação está controlada. Mas alertou que há "dinheiro" que está a ser usado para apoiar a tentativa.
"Têm de pegar o dinheiro, comer, mas não cair na armadilha", afirmou o capitão, segundo os participantes ouvidos pela estação de rádio, pedindo aos presentes que fiquem atentos porque o caminho de transição não será fácil.
Rumores sobre desestabilização
No último fim de semana circularam rumores nas redes sociais sobre uma tentativa de desestabilização no país, mas o regime não se tinha pronunciado publicamente sobre o assunto.
Traoré, 34 anos, foi empossado em outubro passado como presidente de transição na sede do Conselho Constitucional em Ouagadougou, capital do Burkina Faso.
Aquele militar aceitou o cargo depois de ter sido nomeado presidente transitório, chefe de Estado e chefe supremo das Forças Armadas por uma conferência nacional.
O líder militar, o mais jovem chefe de Estado do mundo, foi nomeado presidente transição por cerca de 300 delegados (representantes políticos, militares, religiosos e da sociedade civil) das treze regiões do Burkina Faso, que se reuniram para acordar um roteiro que permita um regresso à ordem constitucional.
Assim, Ibrahim Traoré deverá liderar a transição política por 21 meses e cumprir a palavra, passando depois o poder para os civis.
O capitão reuniu-se em outubro em Ouagadougou com uma delegação da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e garantiu que vai respeitar o calendário que aquela organização acordou com o seu antecessor, o tenente-coronel Paul-Henri Sandaogo Damiba. Esse calendário prevê o retorno da ordem constitucional a 1 de julho de 2024, o mais tardar.
O Burkina Faso teve um segundo golpe de Estado no espaço de um ano a 30 de setembro, após o que tinha sido liderado em 24 de janeiro por Damiba.