Somália: Presidente cede à pressão e não prorroga mandato
28 de abril de 2021"Convido todos os signatários do acordo de 17 de setembro (2020) a reunirem-se imediatamente para discussões urgentes sobre a implementação incondicional do acordo", disse o Presidente Mohamed Abdullahi Mohamed, numa mensagem dirigida à nação.
Este acordo, assinado pelo Presidente e líderes regionais, estabeleceu um roteiro para a realização de eleições que deveriam ter ocorrido em fevereiro, mas foram prejudicadas por desentendimentos políticos.
A 12 de abril, a Câmara do Povo (câmara baixa do Parlamento) votou a favor da prorrogação, por dois anos, do mandato de Farmajo, que tinha expirado a 8 de fevereiro, e no dia seguinte o próprio Presidente assinou a lei, apesar da forte rejeição da oposição e da comunidade internacional.
No seu discurso, o chefe de Estado, mais conhecido como Farmajo, anunciou que no próximo sábado (01.05) vai dirigir-se ao Parlamento para pedir o seu apoio ao processo eleitoral. "Como temos afirmado repetidamente, estivemos sempre prontos a implementar eleições oportunas e pacíficas no país", disse.
A comunidade internacional tem apelado repetidamente à realização de eleições na Somália, ameaçando com sanções.
Apelos à estabilidade
O Presidente também pediu às forças e órgãos de segurança do Estado que mantenham a estabilidade da capital da Somália, Mogadíscio, e a segurança da população civil. "Também peço ao nosso povo somali que apoie e coopere com as nossas forças", acrescentou.
Pelo menos 13 pessoas foram mortas e 22 ficaram feridas, a maioria militares, na sequência dos violentos confrontos, no domingo (25.04), em Mogadíscio, entre duas fações do exército somali, uma a favor e outra contra a extensão do mandato do Presidente.
Os combates aterrorizaram os cidadãos, já cansados de décadas de conflito civil e de uma insurreição islamista. A Somália vive num estado de guerra e caos desde 1991, quando o ditador Mohamed Siad Barre foi derrubado, deixando o país sem um governo eficaz e nas mãos de milícias e senhores da guerra islâmicos, como o grupo jihadista Al-Shabab, que controla as zonas rurais no centro e sul do país.