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Presidente da República da Maurícia pede demissão

Lusa | kg
17 de março de 2018

Envolvida em escândalo financeiro, Ameenah Gurib-Fakim cede à pressão e anuncia saída do cargo que ocupa desde 2015. Única mulher presidente em África é acusada de fazer compras pessoais com dinheiro de ONG.

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Foto: picture-alliance/dpa/S. Kahnert

A presidente da República da Maurícia, Ameenah Gurib-Fakim, demitiu-se do cargo este sábado (17.03) em meio à forte presssão por envolvimento num escândalo financeiro. Segundo o Executivo, pedido de demissão foi apresentado "no interesse nacional".

Segundo denúncias, a Presidente teria feito compras pessoais com um cartão bancário fornecido pela organização não-governamental Planet Earth Institute (PEI), financiada pelo milionário angolano Álvaro Sobrinho, que está a ser investigado por suspeitas de irregularidades em Portugal e  que, desde 2015, tem tentado investir na Maurícia.

A demissão de Gurib-Fakim põe fim ao escândalo político no arquipélago no Oceano Índico desde que o jornal local Express publicou documentos bancários mostrando que a presidente tinha utilizado um cartão do PEI para comprar joias e sapatos de marca a título pessoal.

Bióloga reconhecida internacionalmente, Gurib-Fakim reconheceu os fatos, afirmando ter utilizado o cartão "inadvertidamente", mas já ter reembolsado o dinheiro usado a título pessoal à ONG. O valor gasto seria de 25.000 euros.

Sob pressão

O anúncio da demissão já tinha sido feito há mais de uma semana pelo primeiro-ministro da Maurícia, Pravind Jugnauth. Entretanto, a chefe de Estado insistiu em permanecer no cargo. Na última quarta-feira, chegou a anunciar que instauraria "uma ação na justiça para se defender das acusações caluniosas" de que é alvo.

Sob pressão, Gurib-Fakim enviou a carta de demissão à presidente da Assembleia Nacional este sábado. Gurib-Fakim, eleita em 2015 e a única mulher na presidência de um país em África, irá deixar o cargo a 23 de março.

Na última segunda-feira, o país africano, aclamado como modelo de democracia por várias ONGs internacionais, celebrou os 50 anos da sua independência. Apesar do escândalo, as Ilhas Maurícias ocupam há cinco anos o primeiro lugar no índice Mo Ibrahim de boa governação em África. A organização não governamental Freedom House dá boa nota ao país no que diz respeito à política e aos direitos civis.