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PolíticaCoreia do Sul

Presidente da Coreia do Sul declara lei marcial

nn | com agências
3 de dezembro de 2024

O Presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, declarou "lei marcial de emergência" para proteger a "ordem democrática constitucional". O Parlamento votou contra a medida, suspendendo-a.

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Nesta foto, cedida pelo Gabinete Presidencial da Coreia do Sul, o Presidente sul-coreano Yoon Suk Yeol discursa durante uma conferência de imprensa no Gabinete Presidencial
Yoon fez o anúncio durante uma comunicação televisiva que não estava previstaFoto: South Korea Presidential Office/AP/dpa/picture alliance

O Presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, declarou lei marcial de emergência na noite desta terça-feira (03.12), numa decisão que agitou o país e gerou forte oposição política e social.

O anúncio foi feito através de um discurso televisivo, no qual Yoon justificou a medida como essencial para combater "elementos anti-Estado" e a influência das "forças comunistas da Coreia do Norte".

Durante a comunicação, Yoon prometeu "erradicar as forças pró-norte-coreanas e proteger a ordem democrática constitucional". 

A lei marcial entrou em vigor às 23h00, horário local, e implicou a mobilização imediata de polícias e militares, que cercaram o edifício do Parlamento em Seul.

Oposição reage e considera a medida inconstitucional

Num gesto de resistência, o Parlamento, dominado pela oposição, aprovou, horas depois, uma moção a exigir a revogação da lei marcial, classificando-a como inválida.

Dos 300 deputados, 190 votaram a favor da moção.

Soldados tentam entrar no edifício da Assembleia Nacional em Seul, a 4 de dezembro de 2024, depois de o Presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, ter declarado a lei marcial
O decreto de Yoon proíbe atividades políticas e os soldados tentaram entrar na Assembleia NacionalFoto: JUNG YEON-JE/AFP/Getty Images

Lee Jae-myung, líder da oposição e do Partido Democrático, e rival político de Yoon nas eleições presidenciais de 2022, condenou a decisão, considerando-a "ilegal" e contra a Constituição.

Restrições impostas pela lei marcial

De acordo com o documento oficial, a lei marcial suspende atividades políticas, proíbe greves, manifestações públicas e qualquer ato considerado uma ameaça à democracia liberal.

Os meios de comunicação social passaram a estar sob controlo das autoridades militares, e qualquer profissional de saúde em greve será obrigado a retomar funções.

A lei marcial prevê ainda detenções sem mandado para quem violar as restrições. Apesar das medidas rigorosas, o Governo prometeu minimizar os impactos na vida dos "cidadãos inocentes".

Contexto político

Esta situação decorre num momento de queda de popularidade de Yoon, que enfrenta críticas endossadas pela maioria parlamentar da oposição.

Membros da oposição da Coreia do Sul montaram uma barricada para bloquear a entrada de soldados na Assembleia Nacional, a 3 de dezembro de 2024
Funcionários do Partido Democrático, da oposição, barricaram-se no interior da Assembleia NacionalFoto: YONHAP/REUTERS

Yoon tem-se esforçado por implementar a sua agenda desde que assumiu o cargo em 2022. O seu partido, o Poder Popular, regista um impasse com o Partido Democrático, da oposição liberal, sobre o projeto de lei orçamental para 2025. 

O Presidente acusou os adversários de "paralisarem o Governo" e de simpatizarem com a Coreia do Norte, descrevendo-os como "forças antissistema".

O anúncio foi recebido com preocupação internacional. Os Estados Unidos declararam estar em contacto com o Governo sul-coreano e a acompanhar a situação de perto.

"A administração [norte-americana] está em contacto com o Governo da República da Coreia e monitoriza de perto a situação", disse um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca em comunicado. 

A decisão de Yoon reavivou memórias de regimes autoritários do passado sul-coreano, numa nação que tem sido exemplo de democracia desde a década de 1980.

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