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Prémio África para defensora do povo da África do Sul

Thuso Khumalo / gcs18 de maio de 2016

Thulisile Madonsela venceu este ano o "Prémio África" atribuído por uma fundação alemã. Foi ela quem exigiu a devolução de parte do dinheiro público usado na remodelação da casa de campo do Presidente Jacob Zuma.

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Foto: Getty Images/AFP/S. Heunis

Há quem diga que Thulisile Madonsela é uma mulher de aço. Outros dizem que é a "voz dos que não têm voz". Mas o trabalho da protetora do povo sul-africana é mesmo esse: defender os cidadãos de abusos de poder e combater a corrupção no país.

Foi Madonsela quem exigiu que o Presidente da África do Sul, Jacob Zuma, devolvesse parte dos fundos públicos usados para obras de remodelação na casa de campo privada, em Nkandla, que incluíam um galinheiro, um estábulo e uma piscina. Foi também ela quem denunciou que o fundo da família do opositor Julius Malema teria beneficiado indevidamente de uma adjudicação dada a amigos.

Desde que foi nomeada por Zuma para o cargo, em 2009, a defensora do povo tem conquistado o respeito de muitos sul-africanos: "Os esforços envidados pelo seu gabinete garantem o respeito da Constituição como lei suprema e asseguram que ninguém está acima da lei", diz Njabulo Ndebele, presidente da Fundação Nelson Mandela.

Südafrika Präsident Jacob Zuma
Presidente sul-africano usou fundos públicos para remodelar casa privadaFoto: picture-alliance/dpa/N. Bothma

A seguir passos de Mandela

Madonsela conta que foi o líder da luta antiapartheid, Nelson Mandela, quem a inspirou a lutar por mais justiça: "Ele transformou a injustiça social contra ele numa luta por justiça social para todos. A Constituição nasceu de pessoas que sofreram injustiças sociais e decidiram fazer algo."

A provedora anticorrupção foi considerada em 2014 pela revista norte-americana TIME como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo. Conquistou no mesmo ano o título de "Mulher de Coragem", atribuído pela revista Glamour. Ganhou também o prémio Integridade da organização Transparência Internacional.

O mandato de Madonsela como defensora do povo termina no final do ano - e Madonsela já deixa saudades: "Como protetora do povo, ela provou ser uma defensora acérrima dos valores constitucionais", afirma Wolf Krug, representante para a África Austral da Fundação Hanns Seidel, uma organização não-governamental alemã presente em mais de 50 países. "A firmeza de Madonsela mostra que a democracia sul-africana está bem viva."

O trabalho de Madonsela tem, porém, incomodado muita gente e nem todos estão contentes. Membros do Congresso Nacional Africano, no poder, acusaram-na de espiar para os Estados Unidos da América, e a juventude do partido classificou-a de pseudo-política.

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A protetora do povo também já foi ameaçada de morte.

Mas nada disso a abala. Muitos na África do Sul não têm dúvidas de que o "Prémio África" atribuído agora a Madonsela é mais um merecido reconhecimento de um trabalho bem feito. O prémio é entregue pela Fundação Alemanha-África a personalidades que promovem a paz, a democracia e os direitos humanos no continente.