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Nigéria negligencia fuga de migrantes e refugiados

Jan-Philipp Scholz / Guilherme Correia da Silva14 de setembro de 2015

Só este ano, mais de 2.500 pessoas morreram ao atravessar o Mar Mediterrâneo. Apesar do intenso debate na Europa, o tema é desconfortável para os políticos num dos países de onde partem mais pessoas, a Nigéria.

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Foto: picture-alliance/dpa

Há semanas que se discute intensivamente na Europa qual a melhor forma de lidar com os refugiados. Mas não parece que isso esteja a acontecer em muitos dos países de origem, nomeadamente na Nigéria, um dos países de onde partem mais pessoas.

Albert Efe, nome fictício, é um jovem nigeriano de 30 anos, desempregado que espera ter uma vida melhor na Europa. Por isso, viajou de carro com destino à fronteira com o Níger.
O plano dele é pedir a uma rede de traficantes de pessoas que o leve depois do Níger para a Líbia. Aí chegado, entraria num barco com destino à Europa. "Deus vai-me ajudar nesta viagem. Já tentei arranjar trabalho em tantos sítios. Mas não consigo." – desabafa Efe.

Muitos nigerianos tentam fugir à violência do grupo radical Boko Haram no nordeste do país. Outros, como Albert Efe, fogem da pobreza nos bairros periféricos das grandes cidades nigerianas. Estima-se que, só este ano, 12 mil nigerianos tenham tentado chegar a Itália, por barco. Não se sabe ao certo quantos morreram.

Soldaten im Kampf gegen Boko Haram in Nigeria
O grupo radical islâmico Boko Haram continua a causar terror no nordeste da NigériaFoto: picture-alliance/dpa

Um tema desconfortável para políticos

O Governo da Nigéria recusa-se a comentar estes números. “Os políticos africanos deveriam estar bastante preocupados, mas, em vez disso, varrem o problema para debaixo do tapete. Porque são as difíceis condições políticas e económicas, o desemprego, a frustração, que levam as pessoas a deixar o país." – comenta o jornalista televisivo Efiong Ekop.

A imprensa também não fala muito sobre o assunto: "Para a imprensa, é claro o significado do tema migração. Mesmo assim, dá-se-lhe pouca atenção. Não está certo", diz Efiong Ekop, um dos poucos que faz reportagens sobre migrantes e refugiados.

O director para a África Ocidental da Fundação Ford também lamenta que não haja um debate mais intenso sobre as questões dos refugiados. Mas Innocent Chukuma desmistifica a questão: "A maioria dos migrantes vai para outras zonas da Nigéria. É um mito que haja uma onda gigante de migrantes que vão de África para a Europa. Basta ver todas as barreiras que os migrantes enfrentam que fica logo claro por que razão só uma minoria passa a fronteira."

Mas Albert Efe diz que não há barreiras que o impeçam de chegar à Europa. À noite, o jovem nigeriano fica numa pensão, perto da fronteira com o Níger. Na televisão, está a passar um jogo do Bayern de Munique. Pelo menos, ao ver o jogo, Efe fica um pouco mais próximo do seu sonho: a Europa.

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