Polícia repreende com violência protesto contra o Governo de Angola
5 de setembro de 2011Jovens estudantes realizaram manifestações em Luanda na tarde de sábado (3.9.) contra violações de direitos humanos, problemas no abastecimento de energia, pobreza extrema e má governação em Angola. Os manifestantes exigiram solução rápida do executivo para estas questões.
O protesto enfrentou forte repressão policial quando se dirigiu ao palácio presidencial para reivindicar a libertação de um de seus organizadores, Pandira Neru, que fora capturado antes da manifestação por supostos policiais. Violentos confrontos foram registrados e jornalistas da imprensa angolana e internacional foram agredidos, tendo equipamentos apreendidos.
Ainda no final de semana, havia informações imprecisas sobre pessoas feridas e até mesmo mortas. Estima-se que aproximadamente 300 pessoas tenham participado da manifestação de sábado na Praça da Independência.
Onde está Pandira Neru?
"Nós precisamos de um Governo que crie condições básicas de sobrevivência", revelou um ativista que não quis ser identificado. De acordo com os organizadores do movimento, agentes do Governo teriam mesmo oferecido 270 mil dólares e oito veículos para que estes não realizassem a manifestação.
Outro organizador do protesto, Carbono Casimiro, disse que até o final de domingo não se sabia o paradeiro de Pandira Neru. "Isto nos aborrece, porque vivenciamos ditadura e arbitrariedade de quem nos governa. Não se sabe quem o prendeu, mas sabemos que foi devido à organização desta manifestação".
Conforme nota divulgada pela Polícia Nacional, quatro policiais e três cidadãos teriam sido feridos por jovens manifestantes. Os cidadãos alegadamente agredidos estariam resistindo a deixar a área destinada à realização do ato, apontado pelas autoridades como sendo organizado pelo "Movimento de Jovens Estudantes Revolucionários".
Segundo a nota, estes jovens teriam optado pela "intranquilidade". Em resposta, um dos membros do movimento revolucionário lembrou que os manifestantes foram vítimas de agressão. "Nós não fomos contra a polícia, a polícia é que veio contra nós. Nós não tínhamos nada nem sequer uma lapiseira", afirmou um dos organizadores da manifestação.
Autor: Manuel Vieira
Edição: Márcio Pessôa / Marta Barroso