Polícia investiga assassinato de membro da RENAMO
10 de outubro de 2016"A polícia está efetuar diligências para o esclarecimento do caso", assegurou o porta-voz do comando da cidade da Polícia da República de Moçambique (PRM), Orlando Modumane, durante uma conferência de imprensa, no domingo (09.10), em Maputo.
Jeremias Pondeca saiu de casa na madrugada de sábado (08.10), para os seus habituais exercícios matinais na praia da Costa do Sol, mas nunca mais voltou. Por isso, a família contactou as autoridades, que só conseguiram identificar o corpo na manhã de domingo na morgue do Hospital Central de Maputo, disse à agência de notícias Lusa o porta-voz da RENAMO, António Muchanga.
O ex-deputado e membro do Conselho de Estado de Moçambique foi atingido por várias balas, revelou ainda o porta-voz do maior partido de oposição. "Pensamos que estamos a negociar e temos este tipo de situações", lamentou Muchanga.
Após uma pausa de uma semana, as negociações de paz entre o partido da oposição e o Governo moçambicano deverão ser retomadas esta segunda-feira (10.10) na capital moçambicana, na presença dos mediadores internacionais.
UE condena assassinato
A União Europeia (UE) condenou a morte de Jeremias Pondeca, considerando que "a violência nunca pode ser uma alternativa ao diálogo pacífico quando se tenta chegar a uma solução sustentável num conflito político".
Em comunicado, a UE considera "importante que as autoridades não poupem esforços para levar os responsáveis por este crime a responder perante a justiça".
Bruxelas apela ainda a todas as partes para continuarem "empenhadas nas negociações de paz" em Moçambique e evitem "ações que ponham em perigo um processo apoiado pelo povo moçambicano".
Paz efetiva e duradoura
O Comité Central da Frente de Libertação de Mocambique (FRELIMO), o partido no poder, concluiu este sábado (08.10) uma sessão extraordinária de dois dias, durante a qual foi reafirmada a convicção de que não será possível alcançar o desenvolvimento sem a unidade e a paz.
A sessão aprovou as teses ao Congresso do partido versando, entre outros temas, a unidade nacional, paz, democracia e reconciliação nacional; desenvolvimento económico e social; descentralização e ética governativa.reconhecendo que o país atravessa uma situação económica e social difícil.
Discursando no encerramento da sessão, o Presidente do partido, Filipe Nyusi, sublinhou que os moçambicanos querem e merecem um estado de justiça social, mais água potável, mais energia, mais educação de qualidade e habitação condigna. "Na nossa agenda devemos colocar no topo das prioridades a segurança alimentar e nutricional como uma das dimensões da nossa soberania", disse.
Numa altura em que a FRELIMO está numa fase de transição geracional na direcção do partido, Filipe Nyusi apelou a um debate abrangente das teses ao congresso, com um envolvimento amplo dos jovens. O chefe de Estado apelou à disciplina interna e defendido que o partido não pode servir de plataforma de acesso ao poder para atingir interesses pessoais.
FRELIMO "fragilizada por dentro"
Vários participantes ao encontro consideram que a reunião contribuiu para reforçar a coesão do partido e a liderança de Filipe Nyusi. "Não é segredo nenhum que a FRELIMO se encontra fragilizada por dentro", admitiu Graça Machel.
Para a ativista social, um dos pontos mais marcantes da sessão foi o facto de o partido ter reconhecido a necessidade de uma reflexão interna profunda para resgatar os seus valores. "A FRELIMO quebrou uma certa arrogância e com humildade aceita que há desafios grandes a enfrentar e para isso temos de nos preparar melhor", declarou.
Graça Machel apontou como desafios da Frelimo fortalecer-se internamente e aceitar que o país está a atravessar dificuldades "muito grandes” e aproximar-se ainda mais dos cidadãos.
Para o analista Gustavo Mavie, a forma como decorreu a sessão vai legitimar a liderança de Nyusi. "Vai ajudar muito a resolver tanto os problemas internos que estavam a começar a afetar o partido e permitir que possa enfrentar os problemas que têm a ver com o país".
Dhlakama confiante que haverá acordo de paz em Moçambique até novembro