Plástico põe em risco ganha pão de latoeiros moçambicanos
1 de junho de 2015Materiais como regadores, baldes, funis e caleiras, entre outros, há tempos atrás eram feitos com metais de forma artesanal para fornecer o mercado local. Hoje o cenário mudou e o mercado local passou a ser fornecido com diversos materiais e utensílios domésticos fabricados com plástico.
Comentários de latoeiros dão conta que até 2000, a profissão conheceu bons momentos, quando o resultado do trabalho compensava a produção. Com este cenário, o latoeiro Simão Pedro antevê o futuro incerto da atividade, devido a uma maior oferta e procura no mercado de produtos de plástico em relação ao metal.
Simão Pedro relata as dificuldades: "Hoje em dia o que aproveitamos é a parte do fogão, isso tem saída. Fazíamos regadores, mas hoje em dia já não os consigo vender, porque compram os de plástico. Baldes de lata também já não se vendem, porque compram os de plástico nas lojas. "
Um futuro (in)certo
Mesmo com a ameaça que sofre a profissão de latoaria, os artesãos não cruzam os braços: Segundos os latoeiros, é um fenómeno que obriga a tomar cuidado e prevenção.
O pouco que conseguem fazer resulta de um esforço pessoal, porque o volume de vendas baixou, diz Simão Neninha, latoeiro com 23 anos de profissão. "Os vários utensílios domésticos de plástico vendidos na comunidade fazem com que a nossa profissão esteja entregue à sorte de deus", conta.
O latoeiro Magido Jamal adverte que a profissão está ameaçada. "Vejo que dentro de cinco anos este nosso projeto acabará morrendo aos poucos, por causa das chaleiras e regadores plásticos e até tambores plásticos", lamenta.
"Fogões de plástico"
Mas ainda lhes resta alguma sorte, conta Jamal. "Estes dias sobrevivemos graças aos fogões, porque os estrangeiros não conseguem fazer fogões plásticos. Antigamente o mercador de metal saía muito, vinham clientes de fora comprar para revender", recorda.
Uma ronda efetuada pela DW África constatou que pelo menos uma dezena de associações de latoeiros paralisaram a sua atividade, devido à dificuldade de concorrer com as fábricas no mercado nos últimos anos.