Oposição teme violência na segunda volta do Senegal
22 de março de 2012No poder desde 2000, Abdoulaye Wade quer agora ganhar um terceiro mandato, contrariando a Constituição e as suas próprias promessas. Uma situação que já conduziu a distúrbios importantes no Senegal ainda antes da primeira volta do escrutínio.
Nessa altura, Wade não obteve a maioria absoluta necessária, tornando incontornável a segunda volta neste domingo, 25.03. O concorrente é Macky Sall, seu antigo primeiro-ministro e protegido.
Dakar, tranquilidade tem os dias contados
Nas útlimas semanas reinou uma calma tensa na capital, Dacar. Registaram-se algumas pequenas escaramuças, pelas quais a opoisção e a sociedade civil responsabilizam adeptos do presidente Wade.
Abdoul-Aziz Diop, porta-voz do Movimento 23 de Junho, M23, que reúne a sociedade civil e a oposição política, explica que tomou providências para evitar conflitos. "Pedimos ao ministro do Interior que desarme os adeptos do presidente para que as eleições decorram sem problemas. Estão armados com matracas e podem ser facilmente identificados como seguidores religiosos do xeque Béthio Tioune", revela Diop.
O xeque Béthio Thioune é um dos líderes religiosos da irmandade mouride - um ramo do sufismo islâmico africano - ao qual pertence também o presidente. Thioune é um apoiante incondicional de Wade, tendo prometido repetidamente que Wade será reeleito - o que suscitou a desconfiança de muitos eleitores. Por isso, a oposição receia nova violência no dia da eleição.
Wade, apego ao poder
Tanto mais que Wade demonstra claramente que quer permanecer no poder a todo custo. Para apaziguar os ânimos, recentemente prometeu que só exerceria o cargo por mais três anos. Argumentou que precisa desse tempo para resolver os problemas políticos mais prementes. Mas deixou em aberto o que se seguirá.
Muitos senegaleses receiam que Wade preapara a sucessão pelo seu filho Karim. Este é extremamente impopular no Senegal, onde é acusado de ter desviado dinheiros estatais.
Sall, expectativa de vitória
Cenários que abrem pois, boas perpectivas ao opositor de Wade, Macky Sall. Um dos seus apoiantes é Amacodou Diouf, membro do Partido da Independência e do Trabalho (PIT) e director-geral da organização não-governamental pelo desenvolvimento do Senegal, AHDIS.
"Se Macky Sall ganhar, assentará o seu poder numa extensa coligação política. Por isso, podemos partir do princípio que fará uma política voltada para numerosos partidos. Acreditamos que essa política fará justiça às carências do povo senegalês", declara Diouf.
E se Macky Sall perder as eleições? O professor universitário, Abdoul-Aziz Kébé, membro activo da sociedade civil, diz que nesse caso só há uma solução, pois sob Wade não deve permanecer no poder sob circunstância alguma. O professor afirma, "mesmo que tenhamos que fazer manifestações durante 25 anos seguidos, não vamos permitir que Wade governe".
O professor Kébé, tal como muitos senegaleses, acha improvável que estale no Senegal uma guerra civil, mas ninguém pode prever a reacção dos dois candidatos ao primeiro cargo do país quando for anunciado o resultado da eleição.
Autores: Dirke Köpp / Cristina Krippahl
Edição: Cris Vieira / Renate Krieger