Cabo Verde: Oposição quer "ações concretas" do Governo
2 de janeiro de 2018Cabo Verde assume este ano a presidência rotativa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). O primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, afirma que o país está preparado para assumir a liderança do grupo, mas a oposição diz esperar que as promessas e os compromissos do Governo comecem a traduzir-se em ações concretas a favor da população.
"Nós vamos assumir a presidência no mês de julho, estamos a preparar todas as condições para Cabo Verde ter uma presidência marcante, que permita com que a CPLP se afirme cada vez mais, particularmente com algumas agendas que nós temos em mente", diz Correia e Silva, mencionando a XII conferência de Chefes de Estado e de Governos lusófonos, que vai ocorrer na cidade da Praia em julho.
O primeiro-ministro destaca que "a questão da livre circulação no espaço da comunidade, a agenda da promoção cultural, da criação de um mercado único de circulação de bens, da arte e da cultura são as grandes preocupações a nível dos países da comunidade".
Mobilidade
No passado mês de novembro, o Presidente cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, propôs em Lisboa, que Portugal e Cabo Verde adotem a livre circulação de pessoas entre os dois países lusófonos alargando assim o campo da mobilidade no seio da CPLP. "Nestas coisas é bom fazer propostas ousadas e ambiciosas para podermos chegar lá através de etapas e fases de uma forma progressiva".
Naquela mesma altura, o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, disse que Cabo Verde e Portugal estão a trabalhar para alargar o campo da mobilidade no seio da CPLP.
"Aceleração dos compromissos"
Além de assumir a CPLP, neste ano de 2018 o Governo cabo-verdiano deverá avançar com a privatização de algumas empresas, incluindo os TACV (Transportes Aéreos de Cabo Verde), e a concretização do "hub" aéreo na ilha do Sal.
A implementação de uma solução para o transporte marítimo entre ilhas é outra das apostas para este ano. Por isso, o Primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, afirma que "2018 vai ser o ano de aceleração de todos os nossos grandes compromissos".
Na mesma linha, Miguel Monteiro, o Secretário-Geral do Movimento para a Democracia (MpD), partido que sustenta o Governo, diz que "2018 vai ser o melhor ano desde há muito tempo para os cabo-verdianos".
Segundo Monteiro, tem-se "a garantia pela forma como o Governo está a trabalhar que efetivamente 2018 vai melhorar a condições de vida dos cabo-verdianos". "Isto é uma garantia que eu posso aqui deixar", enfatiza.
"Ações concretas"
Ao tomar conhecimento destas declarações, a líder do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), principal partido da oposição, Janira Hopffer, afirma que é preciso mais ação e menos conversa.
"O PAICV espera francamente que 2018 seja um ano melhor que 2017 que foi um ano difícil. É preciso que o Governo dialogue e ausculte mais, mas para nós é fundamental que em 2018 as promessas e os compromissos comecem a traduzir-se em ações concretas que propiciem a melhoria de vida dos cabo-verdianos e das cabo-verdianas", declara Hopffer.
O ano 2017 foi difícil para muitos cabo-verdianos. O país registou níveis muito baixos de chuva, o que comprometeu quase na totalidade a campanha agrícola, com os produtos a escassearem e os preços nos mercados a aumentarem.
2018 começou com o Estado a isentar de vistos de entrada no arquipélago os turistas provenientes da União Europeia e do Reino Unido. Na sexta-feira, dia 5 de janeiro, o Governo remodelado antes do Natal vai tomar posse.