Armas nucleares: ONU exorta EUA e Rússia a retomar acordo
22 de fevereiro de 2023O Presidente russo anunciou na terça-feira (21.01) a suspensão do tratado sobre armas nucleares assinado com os EUA. Vladimir Putin disse que não se tratava de um "abandono" do acordo e argumentou que o país "deve estar preparado para realizar testes nucleares se os Estados Unidos os realizarem primeiro".
A decisão de Moscovo suscitou rapidamente críticas internacionais, incluindo das autoridades ucranianas, que instaram a comunidade internacional a tomar "medidas conjuntas urgentes para prevenir e combater qualquer forma de chantagem nuclear por parte do Estado terrorista".
O secretário-geral da ONU, António Guterres, já exortou os EUA e a Rússia a retomar "sem demora" a plena implementação do Novo Tratado Estratégico de Redução de Armas (New START).
O tratado "trouxe paz não só aos Estados Unidos e à Rússia, mas também a toda a comunidade internacional", disse à imprensa Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU9, António Guterres, lembrand que
"Um mundo sem controlo de armas nucleares é muito mais perigoso e instável, com consequências potencialmente catastróficas", razão pela qual reiterou a necessidade de não poupar esforços para regressar ao diálogo.
Rússia promete respeitar limites ao arsenal nuclear
"Eles querem infligir-nos uma derrota estratégica e tentar chegar às nossas instalações nucleares. A este respeito, sou forçado a anunciar hoje que a Rússia está a suspender a sua participação no Tratado sobre Armas Estratégicas Ofensivas. Repito, não estamos a retirar-nos do pacto, estamos a suspender a nossa participação", anunciou Vladimir Putin.
Apesar da decisão, Moscovo continuará a respeitar os limites impostos ao seu arsenal nuclear pelo tratado New START, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo numa declaração.
"A Rússia pretende manter uma abordagem responsável e continuará, durante a vigência do tratado, a observar estritamente os limites quantitativos das armas ofensivas estratégicas.", anunciou o ministério russo, justificando a decisão com as "ações destrutivas dos Estados Unidos", que acusou de múltiplas violações do texto assinado em 2010.
O último acordo bilateral de desarmamento nuclear assinado entre Moscovo e Washington tinha sido prorrogado até 5 de fevereiro de 2026.
Anúncio deixa "o mundo mais perigoso"
A decisão de Vladimir Putin deixa "o mundo ainda mais perigoso", considera o secretário-geral da NATO. Jens Stoltenberg afirmou que com mais armas nucleares e menos controlo, o universo fica mais perigoso.
Para Antony Blinken, chefe da diplomacia dos EUA, Putin tomou uma decisão irresponsável: "Vamos estar atentos para ver o que a Rússia realmente faz. É claro que nos asseguraremos de que, em qualquer caso, nos posicionaremos adequadamente para a segurança do nosso próprio país e dos nossos aliados."
A decisão russa acaba de aumentar a tensão com Washington e Moscovo no âmbito da invasão da Ucrânia. "A Ucrânia nunca será uma vitória para a Rússia, nunca", aviosu o Presidente norte-americano, Joe Biden, de visita à Polónia, onde lembrou que qualquer agressão contra um membro da NATO equivalerá a um ataque ao conjunto dos membros da organização.
Putin diz ter informações de que os Estados Unidos pretendem fazer ensaios nucleares. E deixou um aviso: "Nesta situação, o Ministério da Defesa deve assegurar a prontidão dos testes das armas nucleares russas. Evidentemente, não seremos os primeiros a fazê-lo. Mas se os Estados Unidos testarem, então faremos".
O tratado, assinado em 2010 por Barack Obama e Dmitri Medvedev, impõe a cada país um limite de arsenal de 1.550 ogivas nucleares e de 700 mísseis e bombardeiros.
O acordo prevê inspeções em locais definidos para comprovar o seu cumprimento. Poucos dias antes de o tratado expirar, em fevereiro de 2021, a Rússia e os Estados Unidos concordaram em prorrogá-lo por mais cinco anos.