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Observadores céticos com julgamento de piratas somalis na Alemanha

23 de maio de 2011

Há seis meses, começou na cidade alemã de Hamburgo um processo contra dez somalis, acusados de terem capturado o navio alemão "Taipan" na região do Corno de África para exigirem uma indemnização

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O fim do julgamento dos piratas somalis em Hamburgo está ainda muito distante para alguns peritos em navegaçãoFoto: dapd

Quando o processo começou, o interesse por parte dos meios de comunicação era enorme – afinal, há mais de 400 anos que piratas não se apresentavam num tribunal alemão. Contudo, muitos observadores são da opinião de que o processo se tem vindo a arrastar por demasiado tempo.

Seis peritos foram ouvidos até agora, bem como 11 testemunhas. Acrescem inúmeros pedidos tanto da defesa como da Procuradoria Geral. Se tivesse corrido como planeado, o processo estaria encerrado há meses. Só que, após seis meses, o fim não está à vista.

Gabriele Heinecke é a advogada de um dos acusados. Também ela começa a perder a paciência e diz: "Isso tomou muito tempo, mas foi o correto. Mas a questão fundamental sobre o que levou 10 somalis a atacar o navio alemão Taipan ainda não foi abordada." A advogada diz que só agora, e de forma lenta, é que estão a chegar ao assunto.

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A degradação do setor pesqueiro na Somália é um dos motivos do aumento da pirataria. Esta última atividade surge como fonte de rendimentoFoto: AP

Conhecer o inimigo primeiro

É esta a questão que poderá ser fundamental para o desfecho do processo. Para se poder responder a isso é necessário conhecer as condições de vida dos 10 homens. Qual era a sua situação de pobreza? Até que ponto a violência pertence à vida diária no seu país?

O perito que o tribunal apresentou esforça-se por retratar a situação na Somália. Volker Matthies tenta explicar como funcionam tanto as estruturas dos clãs como a administração do país. Mas nem ele tem respostas para a maioria das perguntas dos advogados.

Por razões de segurança, o próprio deixou de se deslocar à região há anos. Matthies conta as dificuldades que enfrenta: "Quase todos os dados que recebemos são vagos. Organizações de ajuda tentam constantemente obter informações mais concretas, mas também isso se torna muito difícil em muitas regiões devido à insegurança.”

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A situação é tão preocupante que até algumas vozes do setor da navegação já pensam num Tribunal Penal Internacional para a piratariaFoto: AP

Tribunal de especialidade?

Devido a estas lacunas, também Max Johns, da associação de armadores alemães, não espera muito do processo. Por isso, Johns defende a ideia das Nações Unidas de se criar uma espécie de Tribunal Penal Internacional para a Pirataria. Apesar disso, Max Johns diz: "O que não faz sentido é que agora muitos juristas e tribunais se especializem numa área exótica como a pirataria e que depois apliquem sentenças diferentes."

De lembrar que, nos últimos meses, os ataques de piratas no Corno de África voltaram a aumentar de forma drástica e cada vez mais brutal.

Autora: Marta Barroso
Revisão: Nádia Issufo/Renate Krieger