"O voador morre à sombra - pesca artesanal"
24 de novembro de 2011Esta é a época do voador em São Tomé – um peixe que não só nada, mas também salta fora da água. No país, costuma dizer-se “voador panhá”; panhá, porque vem de “apanhar”, já que o voador não se pesca com fio e anzol. O voador apanha-se. Com folha de andala e capim.
Como é à superfície da água que o voador deposita os seus ovos, o capim serve para atrair as fêmeas. E é então, durante a desova, que os pescadores capturam o peixe, violando uma convenção internacional. Porque, segundo a lei, só é permitido pescar espécies em fase adulta. Ora, para evitar despesas adicionais, os pescadores do voador trazem as folhas e a palha de volta da pesca para as reaproveitarem no dia seguinte. E nelas, milhares de ovos postos. Por falta de conhecimento e porque, na apanha deste peixe, ainda os costumes imperam.
Por estas e mais razões, São Tomé e Príncipe vê o seu pescado embargado para exportação. Enquanto navios estrangeiros pescam em quantidades industriais nas águas santomenses, as ilhas não têm possibilidade de cumprir com as normas sanitárias internacionais. Para os santomenses, no entanto, o pescado proveniente da pesca artesanal é muito importante.
Um trabalho da autoria de Sérgio Nunes (Rádio Jubilar 91.9 FM) e Marta Barroso (Deutsche Welle).