O Senegal elege um novo Presidente
22 de fevereiro de 2019Tudo a postos para a primeira volta das eleições presidenciais no Senegal, no domingo, 24 de fevereiro de 2019. Mais de seis milhões e meio de eleitores são chamados a decidir quem vai ser o Presidente nos próximos cinco anos. Embora o Senegal seja considerado o país mais estável da África Ocidental, a campanha eleitoral ficou marcada por tensão e alguns episódios de violência.
Na semana passada, duas pessoas morreram e 24 foram detidas em confrontos em Tambacounda, no sul do país. E o ex-chefe de Estado Abdoulaye Wade pediu aos eleitores que ataquem assembleias de voto e queimem boletins em protesto, depois de o seu filho, Karim Wade, ter sido impedido de se candidatar.
O Presidente cessante, Macky Sall, que se recandidata, condenou os "apelos à violência de certos líderes políticos” e pediu calma aos eleitores. O atual chefe de Estado é já apontado à vitória nestas eleições, depois de as duas mais proeminentes figuras da oposição terem visto as suas candidaturas rejeitadas devido a alegações de corrupção.
Os quatro rivais de Macky Sall
Na corrida continuam quatro candidatos: o principal rival de Sall é o ex-primeiro ministro Idrissa Seck, de 59 anos, derrotado duas vezes em eleições presidenciais. Apostou na promessa de construir hospitais, universidades e centros de saúde nas principais cidades do país.
Recém-chegado à cena política, mas em alta nas sondagens está Ousmane Sonko, de 44 anos. É o candidato mais jovem na corrida. Prometeu renegociar todos os contratos de gás natural e exploração mineira, assinados pelo atual regime.
O candidato mais idoso é Madické Niang, de 65 anos, um advogado que aposta na reforma do sistema judicial. Já Issa Sall, de 63 anos, quer regenerar bairros perigosos e reformar as fábricas de processamento de peixe na costa.
Elogio aos programas eleitorais
São programas eleitorais específicos que agradam ao diretor do WATHI, um think tank pan-africano. Gilles Yabi saúda os esforços dos candidatos que, afirma, não são normalmente visíveis nas eleições em países africanos: "Acho que isto merece elogios. Há muitos elementos relacionados com o sistema de Justiça em todos os programas, como a construção de uma nova prisão e a criação de um programa de reintegração para os detidos após a libertação”. Zabi refere ainda os incentivos e obrigações para as empresas para o recrutamento de pessoas com deficiência e multas se o salário pago não for o estabelecido. "Há definitivamente um esforço para apresentar programas originais”, conclui.
O ministro do Interior, Aly Ngouille Ndiaye, garante que as eleições vão decorrer de forma transparente e que é impossível haver fraude eleitoral. No entanto, na capital, Dacar, muitos residentes não estão convencidos. Há, por exemplo, queixas de atrasos na emissão de boletins de eleitor. "Algumas pessoas estão à espera há dois anos e ainda não receberam os seus cartões”, queixa-se um cidadão interrogado pela DW.
Falta de debate público
100 observadores da União Europeia, da Noruega, da Suíça e do Canadá vão acompanhar as presidenciais no terreno. Os eleitores vão escolher conteúdos e não personalidades, considera a consultora de comunicação internacional Amy Sarr Fall: "Os cidadãos vão questionar-se: quem vai ajudar-me melhor a enfrentar o que me espera depois das eleições? Quem vai ajudar-me a manter o meu negócio eficiente, quem vai ajudar-me a sobreviver numa economia difícil e quem vai ajudar-me a manter o meu emprego?”
Além dos episódios de violência, a campanha fica também marcada pela ausência de um debate televisivo com os cinco candidatos – apesar dos inúmeros apelos dos senegaleses nas redes sociais e de uma petição da sociedade civil para a realização deste evento inédito no país. O Presidente cessante recusou participar e sem a presença de todos os candidatos, o Conselho Nacional de Regulamentação do Audiovisual decidiu que o debate não seria permitido.