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Estado de DireitoNíger

Níger: França retira cidadãos, Alemanha pede boleia

Lusa | EFE | cvt | gcs
1 de agosto de 2023

Ministério dos Negócios Estrangeiros da França começa hoje a retirar os seus cidadãos do Níger. Alemanha aconselha os seus cidadãos a aproveitar a boleia.

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Tumultos em frente à embaixada francesa no Níger, no domingo (30.07)Foto: SalamPix/ABACA/IMAGO

"Dada a situação em Niamey, os atos de violência perpetrados anteontem contra a nossa embaixada e o encerramento do espaço aéreo, que deixa os nossos compatriotas impossibilitados de sair pelos seus próprios meios, a França está a preparar a retirada dos seus nacionais e cidadãos europeus que desejem deixar o país. Esta retirada começará hoje", afirma o Ministério dos Negócios Estrangeiros da França em comunicado.

Os cidadãos franceses no Níger foram avisados pela embaixada de Paris em Niamey de que estava "a ser preparada uma operação de retirada" por via aérea, a realizar em breve. Os "cidadãos europeus que desejem deixar o país" também se poderão juntar.

Um golpe de Estado no Níger, liderado pelo general Abdourahamane Tchiani, derrubou o Presidente eleito, Mohamed Bazoum, na passada quarta-feira (26.07).

O Governo francês estima que em 500 a 600 o número de civis franceses no Níger.

Catherine Colonna, ministra francesa dos Negócios Estrangeiros
Catherine Colonna, ministra francesa dos Negócios EstrangeirosFoto: Resul Rehimov/AA/picture alliance

Alemanha aconselha boleia francesa

Entretanto, o Governo da Alemanha aconselhou aos seus cidadãos que deixem o Níger através dos voos de evacuação organizados pela França.

"Podemos confirmar que os nossos parceiros franceses se ofereceram para, dentro de suas capacidades, evacuar cidadãos alemães a bordo dos seus aviões", informou o Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão em comunicado.

"Recomendamos a todos os cidadãos alemães em Niamey que aceitem esta oferta", acrescentou a nota. Estima-se que menos de 100 cidadãos alemães - que não trabalham para a embaixada ou para o exército - estão no país.

A Alemanha, como outros países europeus, interrompeu a cooperação e o apoio a projetos de ajuda ao desenvolvimento com o país africano em consequência do golpe militar.

Mais cedo, a Itália anunciou que irá fretar um "voo especial" para que os seus cidadãos que se encontram no Níger, cerca de uma centena de civis, possam deixar o país, se assim o desejarem.

O chefe da diplomacia italiana, Antonio Tajani, não especificou uma data específica para a realização do voo, mas acrescentou que "a embaixada em Niamey continuará aberta e operacional, também para contribuir com os esforços de mediação em curso". A embaixada alemã continuará igualmente a funcionar.

Outros governos europeus, por enquanto, não anunciaram operações de evacuação, mas países como a Espanha pediram aos seus cidadãos que informassem o seu paradeiro à embaixada.

Emmanuel Macron (esq.) e Mohamed Bazoum (dir.)
O Presidente francês, Emmanuel Macron, recebeu o homólogo nigerino, Mohammed Bazoum, em Paris, em fevereiro passadoFoto: Michel Euler/AP/picture alliance

Apoio ao Presidente Bazoum

Em entrevista à BFMTV na noite passada, a ministra dos Negócios Estrangeiros da França, Catherine Colonna, reiterou os apelos do seu país para a reintegração do Presidente deposto Mohamed Bazoum e negou as acusações de que, na sequência do golpe militar, a França estava a preparar uma intervenção militar.

A chefe da diplomacia francesa também destacou que é "possível" que a Rússia tente "lucrar" com a crise, mas evitou culpar Moscovo pelo golpe e atribuiu-o a "uma ação oportunista" de um alto oficial militar do Níger.

A França, ex-potência colonial do Níger, tem um contingente de 1.500 soldados naquele país africano para apoiar a luta contra o terrorismo e fortes interesses no setor de extração de urânio, com o qual abastece as suas centrais nucleares.

Manifestações perante a embaixada

No domingo passado, durante uma manifestação convocada em apoio aos líderes golpistas, várias centenas de pessoas protestaram violentamente em frente à embaixada francesa na capital do Níger.

Em resposta, o Governo do Presidente Emmanuel Macron advertiu que agiria "de forma imediata e decisiva" se houvesse ataques contra os seus interesses.

Nesta segunda-feira, o Eliseu destacou que Macron conversou diversas vezes com Bazoum e com o seu antecessor, que atua como mediador, bem como com dirigentes de outros países da região, no âmbito de uma longa série de contactos em busca de uma solução para a crise no Níger.

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