Angola sem estabilidade política, económica e social
21 de outubro de 2015A estabilidade política foi alegada, na última quinta-feira (15), pelo vice-presidente da República, Manuel Domingos Vicente, no discurso sobre o Estado da nação na abertura do ano legislativo de 2015/2016.
Entretanto, o investigador-coordenador do CEIC – Centro de Estudos e Investigação Cientifica da Universidade Católica de Angola, Nelson Pestana “Bonavena”, não concorda com os pronunciamentos de Manuel Vicente e diz que “não há estabilidade política e prova disso é que o regime tem necessidade de forma reiterada de falar de estabilidade e decretar a estabilidade. Nos países efetivamente estáveis, os governantes nem sequer falam sobre estabilidade política é uma condição natural da vida destes países, por isso, não precisam constantemente de lembrar aos actores políticos que vivemos em estabilidade”.
Falando sobre a sucessão presidencial, “Bonavena” é de opinião que esta questão concorre, por si só, para uma instabilidade politica. "Ninguém sabe quando vai acontecer, como vai acontecer, o que poderá acontecer. Há uma expectativa negativa em relação à sucessão já anunciada pelo Presidente da República e isso é concorrente para a própria instabilidade política”, declara.
Crise financeira associada à instabilidade social
O país está ser assolado por uma crise financeira. O académico diz que esta realidade se associa à instabilidade social.
“Não há estabilidade social devido à crise económica e também não há estabilidade social porque a crise económica tem efeitos negativos na vida das famílias angolanas”.
Sediangany Mbimbi, presidente do PDP-ANA, partido extraparlamentar, aponta a violação sistemática da Constituição da República de Angola, como exemplo de instabilidade politica. "A ida do vice-presidente da República à Assembleia Nacional é uma violação da Constituição e viola o artigo 119º da mesma. Esta é a primeira instabilidade que José Eduardo dos Santos colocou em Angola".
Também Isaías Samakuva, presidente da UNITA, na sua réplica sobre o discurso do Estado da nação, disse que "existe instabilidade em Angola".