Novos confrontos armados no centro de Moçambique
17 de outubro de 2013Registaram-se esta quinta-feira (17.10), em Moçambique, novos confrontos entre forças governamentais e homens armados, alegadamente da RENAMO, perto do local onde o maior partido da oposição moçambicana celebrava, na Gorongosa, província de Sofala, a passagem dos 34 anos da morte do seu primeiro líder, André Matsangaissa, e de um ano após a reinstalação de Afonso Dlakhama naquela região.
As celebrações decorriam em Satunjira, região onde se encontra instalado há precisamente um ano (desde 17 de outubro de 2013), o actual líder da RENAMO, Afonso Dlakhama.
De acordo com as agências de notícias, o Ministério da Defesa Nacional de Moçambique afirmou que as Forças Armadas de Defesa de Moçambique abateram sete homens armados da RENAMO, em resposta a uma "emboscada".
Ataque da RENAMO a patrulha do governo
Fontes governamentais atribuem a responsabilidade do incidente às forças da RENAMO, mas o porta-voz do partido, Fernando Mazanga, contactado pela DW, recusou fazer quaisquer comentários.
Segundo o Director Nacional de Política de Defesa, Cristovão Chume, o ataque foi lançado pelos homens armados da RENAMO contra um grupo das forças governamentais que realizavam um trabalho rotineiro de patrulha na região da Gorongosa. "Em resposta a este ataque as nossas forças abateram mortalmente dois homens da RENAMO e capturaram um outro", disse Chumbe.
De acordo com Cristovão Chume, não se registaram baixas do lado das forças governamentais.
Armando Guebuza condena confrontos
O porta-voz do presidente da República, Edson Macuacua, convidou igualmente a imprensa para confirmar o ataque.
Edson Macuacua disse que o Chefe do Estado condenava o incidente e apelava a RENAMO a pautar pelo dialogo. "O Presidente Armando Guebuza reafirma que a única alternativa à paz é a própria paz. O presidente da República está disponível, está pronto e está à espera do dirigente da RENAMO para um diálogo frente a frente", destacou o porta-voz.
Edson Macuacua afirmou que o Governo está igualmente pronto para realizar mais uma ronda negocial na próxima segunda-feira (21.10).
Governo nega "cenário de guerra"
Este é o segundo incidente em menos de uma semana, depois do ataque levado a cabo por homens da RENAMO no último sábado, contra um posto policial em Vanduzi, Sofala, que terá ferido dois polícias.
Para Cristovão Chume, apesar destes incidentes, não se pode afirmar que o país esteja perante um cenário de guerra. "Vamos continuar a preservar a ação de defesa de todo o território e não ações de ataque às forças da RENAMO, porque consideramos que o diálogo político trará a paz a Moçambique". E Chumbe fez questão de sublinhar que "não há cenário de guerra no país e penso que devemos investir tudo na preservação da paz".
O ataque regista-se nas vésperas de uma visita do presidente Armando Guebuza à província de Sofala, o que levou vários círculos a admitirem que poderia estar eminente um encontro entre Guebuza e Dlakhama para desanuviar o clima de tensão que se vive no país.
Questionado sobre essa possibilidade, Edson Macuacua afirmou que "o espaço está aberto para o encontro na capital do país, Maputo".