Ajuramentação do novo Presidente da Nigéria

Um conjunto de cinco músicos tradicionais no mercado de Daura agradece os aplausos e o dinheiro que os transeuntes lhes oferecem pelos seus esforços. Costumam tocar nos mercados as localidades do estado federado de Katsina, no norte do país. Mas esta cidade é especial, diz o músico Abdulkarimu Abamu: "Deixa-nos felizes estar em Daura e celebrar o novo Presidente, general Buhari".

Daura é uma pequena cidade tranquila. Para além do mercado há algumas escolas, bancos e bombas de gasolina. A maioria da população trabalha na agricultura. Muhammadu Buhari, de 72 anos, que toma posse no dia 29 de Maio, tenta passar aqui o máximo de tempo possível. O que tornou o futuro Presidente muito popular na localidade

A casa amarela onde nasceu situa-se na parte antiga. O seu melhor amigo, Lawal Aliyi, continua a viver na casa vizinha: “Nem sei dizer ao certo quando nos conhecemos. Somos vizinhos. Na altura toda a gente se conhecia. Ele é mais velho do que eu, mas crescemos juntos, brincávamos os dois. Só nos separaram quando ele foi para a escola antes de mim”.

Um passado pouco recomendável

Os dois nunca perderam o contacto. Agora, Aliyi orgulha-se do seu melhor amigo ter ganhado as eleições democráticas para a presidência. Ao contrário do que aconteceu em 1984, quando Buhari liderou um golpe militar contra o presidente democraticamente eleito, e presidiu ao país durante dois anos. A comunidade internacional não se esqueceu da mão-de-ferro com a qual governou, nem das violações dos direitos humanos cometidas pelo seu regime.

São acusações que aborrecem Munir Yakubu, um companheiro político de longa data e vice governador de Katsina. Apesar de admitir que, na altura, as manifestações e as greves foram proibidas e muitos opositores foram presos: “Sim, claro. Mais depois houve processos. Os detidos puderam recorrer a advogados. Mas tal como hoje, também na altura a corrupção estava em todo o lado. Foi necessário tomar medidas”.

A guerra contra a corrupção

Os nigerianos não esqueceram a forma decidida com a qual Buhari combateu a corrupção. E toda a gente em Daura acredita que, 30 anos mais tarde, o novo Presidente volte a fazê-lo com sucesso. Ele próprio é incorruptível, dizem.

Buhari e a sua família vivem modestamente. Não há quem não conheça a sua casa na periferia da cidade, rodeada por um grande jardim. Trata-se de um edifício simples, que contrasta com os palacetes que muitos políticos e homens de negócio nigerianos constroem em Abuja ou Lagos. Foi algo que contribuiu para a sua vitória eleitoral, acredita Munir Yakubu: “O general foi sempre o que é ainda hoje: uma pessoa calma, frontal e honesta. O que diz vem do coração. Veste-se como um homem comum e fala de maneira a que todos o percebam. Por isso é tão popular”.

“Um de nós”

Após a eleição, Buhari apressou-se a advertir que Daura não será contemplada com investimentos extraordinários. E o novo Presidente exige também dos membros da sua família que não sucumbam à corrupção. De qualquer modo, ninguém na sua cidade natal conta com grandes prendas. Muitas pessoas desejam apenas uma melhoria do fornecimento de eletricidade e água potável. A maioria dos habitantes ainda tem que ir buscar a água a poços.

No mercado de Daura, o pequeno agricultor Usman Kango tem outro pedido: “Queremos uma transformação da agricultura tradicional. Queremos um desenvolvimento que inclua máquinas, para podermos aumentar a produção”. Usman Kango acredita firmemente que Buhari vai tornar isto possível. Afinal, o novo Presidente é um “de nós” e conhece os problemas.