Novo acordo entre ONU e Etiópia para ajuda em Tigray
10 de dezembro de 2020Não foi possível "implementar imediatamente" o primeiro acordo, anunciado na semana passada, disse o secretário-geral da ONU, numa conferência de imprensa, na quarta-feira (09.12), com o presidente da Comissão da União Africana (UA), Moussa Faki Mahamat.
"Temos agora um segundo acordo para missões de avaliação conjunta, relacionadas com as necessidades humanitárias, entre a ONU e a Etiópia", afirmou Guterres, citado pela agência France-Presse.
Segundo o secretário-geral da ONU, este segundo acordo vai permitir "assegurar o pleno acesso a todo o território e a plena capacidade de iniciar operações humanitárias baseadas em necessidades reais e sem qualquer discriminação possível".
Na semana passada, as Nações Unidas e a Etiópia celebraram um primeiro acordo que deveria garantir o acesso "sem restrições" a Tigray por parte de organizações humanitárias.
No entanto, no domingo (06.12), uma equipa da ONU constituída por quatro pessoas, que realizaria uma missão de avaliação de estradas a serem utilizadas para o transporte de ajuda humanitária, foi barrada parada pelas forças etíopes.
Ajuda humanitária "sem entraves"
A UA e a ONU voltaram a apelar para o acesso de ajuda humanitária em Tigray. Moussa Faki Mahamat sublinhou que hoje o acesso de ajuda humanitária é "o mais urgente".
António Guterres defendeu que deve haver "um acesso de ajuda humanitária sem entraves e uma rápida restauração do Estado de direito, num ambiente seguro e com respeito pelos direitos humanos".
Apontou também que não tem "nenhuma prova" da presença de tropas da Eritreia em Tigray. "Coloquei a questão ao primeiro-ministro [da Eritreia] e ele garantiu-me que não tinham entrado em Tigray", afirmou.
O primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, lançou em 4 de novembro uma operação militar na região de Tigray (norte do país), após meses de tensão crescente com as autoridades regionais da Frente Popular de Libertação do Tigray (TPLF).
Desde então, a região tem sido palco de ofensivas militares por ambas as partes, com o disparo de foguetes e de incursões para a captura de cidades. Com as comunicações e os transportes limitados - ou mesmo cortados -, é difícil conhecer a extensão do conflito na região que conta com seis milhões de pessoas.
O bloqueio levou também a que a região ficasse privada de ajuda humanitária e de mantimentos. Cerca de 50.000 pessoas fugiram dos combates e procuraram refúgio no Sudão.