1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Governação de João Lourenço: Analistas dão nota positiva

4 de janeiro de 2018

O Presidente angolano, João Lourenço, completa 100 dias de governação com 300 nomeações e várias ações de mudanças no país. Especialistas ouvidos pela DW África dão nota positiva ao seu desempenho.

https://p.dw.com/p/2qMlt
Angola Feier der MPLA João Lourenço
Foto: Getty Images/AFP

Nos 100 dias como chefe de Estado, completados nesta quinta-feira (04.01) João  Lourenço teve iniciativas de agenda que surpreenderam até as vozes mais céticas do regime do MPLA, como aquela que o levou a visitar o Hospital Sanatório de Luanda, a criar uma equipa de trabalho para pôr fim aos monopólios, passando pela exoneração de Isabel dos Santos do cargo de Presidente do Conselho de Administração (PCA) da Sonangol, a filha do ex-presidente e líder do MPLA José Eduardo dos Santos, e ao afastamento das chefias militares das Forças Armadas e dos serviços secretos que tinham sido reconduzidos semanas antes do ex-Presidente ter abandonado o poder.

Essas e outras ações trouxeram esperanças ao povo angolano sobre o futuro do país, segundo avaliação de Belarmino Jelembi, diretor-geral da ONG ADRA (Ação Para o Desenvolvimento Rural e Ambiente).

Belarmino Jelembi, diz acreditar que ao longo do início do mandato, João Lourenço ganhou confiança de setores importantes da sociedade e que por isso, "há uma certa euforia na população angolana relativamente às expetativas daquilo que pode ser o futuro do país”.

"Naturalmente que há também algumas medidas concretas. Quando olhamos nomeações que foram feitas, percebe-se que há aí um corte com determinados tipo de práticas. Por exemplo, o facto de ter feito abertura da campanha agrícola, não diria que é inédito mas quase que há muito pouca memória de algo desta natureza acontecer". 

Angola Präsident Joao Lourenco
João Lourenço durante a tomade de posse como novo Presidente de Angola, no dia 26 de setembro de 2017 em LuandaFoto: Getty Images/A.Rogerio

Rompimento com o passado

O analista e professor de economia na Universidade Metodista de Angola, Lopes Paulo, afirma que João Lourenço rompeu com o passado na forma de fazer política.

"Lembramos todos do discurso de tomada de posse no dia 26 de setembro, um discurso inovador que rompeu na essência na forma de fazer política no país, ou seja, um discurso que passou a apresentar uma esperança na mudança do povo angolano. Na sequência despoletou um conjunto de ações que até hoje têm correspondido com as expetativas”, diz o analista.

Para o economista, passados os 100 dias de moratória, o atual Presidente deve começar a tomar medidas concretas para recuperar a economia, porque "as pessoas querem ações e resultados”, lembrando  as promessas feitas pelo mesmo durante a campanha: "Foram feitas promessas por exemplo de combate à corrupção e ao branqueamento de capitais, foi feita promessa de esperança de melhor vida para os angolanos, hoje as expetativas da sociedade são os resultados das promessas eleitorais, é claro que todo mundo tem consciência de que as ações não têm resultados imediatos”.

Relacionamento distante com a imprensa

Durante os 100 dias em funções, João Lourenço tem tido um comportamento semelhante ao do seu antecessor no que concerne ao relacionamento com a imprensa. Tal como José Eduardo dos Santos, Lourenço é um Presidente mudo, nunca fala aos jornalistas, e a Presidência da República continua a guardar nos segredos dos deuses o teor das audiências mantidas com as entidades diplomáticas e não só.Para o diretor e fundador do semanário O CRIME, Mariano Brás, "desta forma continuaremos a ter um Presidente que se sente no céu e que vê a imprensa na terra”.

100 dias de JLO - MP3-Mono

"Na verdade as coisas continuam na mesma. Nas suas atividades não convida a imprensa privada. Vamos continuar a funcionar com a especulação; vamos continuar a ter um presente no céu e nós na terra. É ver as instituições públicas e empresariais a ver que somos uma espécie de inimigos, porque o Presidente vai continuar a passar essa imagem. São (comportamentos) nefastos para os órgãos privados”, assegura Brás.

Por seu lado, Belarmino Jelembi diz: "O que  está a ocorrer ao nível da comunicação social creio ser que é provavelmente mais relevante desde o início do mandato do Presidente João Lourenço que é os sinais de nova postura que existe na comunicação social''. 

Entretanto, foi anunciado na tarde desta quinta-feira (04.01) pelo secretário para os Assuntos de Comunicação Institucional e de Imprensa do Presidente da República, Luís Fernando, que o Presidente João Lourenço vai conceder na segunda-feira (08.01) a sua primeira “entrevista coletiva” com todos os órgãos de comunicação nacionais e estrangeiros em Angola, no âmbito da estratégia de uma maior aproximação à comunicação social.

Recorde-se que, nesses cem dias da presidência de João Lourenço , o chefe de Estado angolano nomeou por dia, em média, mais de três administradores, para cerca de 30 empresas públicas, órgãos da administração do Estado, Justiça, comunicação social estatal, Banco Nacional de Angola e outros organismos estatais. Em 100 dias como Presidente da República, as mais de 300 nomeações feitas por João Lourenço, corresponderam a várias dezenas de exonerações e de mais de 30 oficiais generais em posições de topo na hierarquia militar.

Saltar a secção Mais sobre este tema