Nigéria: Presidente não cede a sequestradores de 317 alunas
27 de fevereiro de 2021O Presidente nigeriano, Muhammadu Buhari, apelidou esta sexta-feira (26.02) de "desumano" o sequestro de mais de 300 alunas numa escola no noroeste do país, afirmando que não irá ceder "à chantagem dos bandidos" que esperam "o pagamento de grandes resgates".
"Esta administração não vai ceder à chantagem de bandidos que visam estudantes inocentes na esperança de receberem grandes resgates", afirmou o chefe de Estado nigeriano, citado pela agência de notícias France Presse.
"Temos a capacidade de destacar uma força maciça contra os bandidos nas aldeias onde operam, mas estamos limitados pelo medo de pesadas baixas de aldeões e de reféns inocentes que poderiam ser usados como estudos humanos pelos bandidos", acrescentou Buhari.
As autoridades nigerianas anunciaram que pelo menos 317 estudantes foram raptadas durante a invasão aos dormitórios de uma escola feminina no noroeste da Nigéria e que iniciaram uma operação para as resgatar. Segundo as autoridades locais, homens armados chegaram de carro ao liceu estatal de Zamfara de madrugada, onde invadiram os dormitórios e saíram a pé com centenas de raparigas.
Buscas em curso
De acordo com o porta-voz da polícia, foi enviada para Jangebe uma equipa das forças de segurança "fortemente armada" para "apoiar a operação de resgate em curso no local para onde as raparigas foram, alegadamente, levadas".
"A polícia estatal de Zamfara e o Exército lançaram uma operação conjunta para salvar as 317 estudantes raptadas por bandidos armados do internato feminino de Jangebe", afirmou o porta-voz da polícia local, Mohammed Shehu, num comunicado.
Através do seu porta-voz, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres condenou "nos termos mais fortes" este sequestro. As escolas devem ser sempre um lugar seguro para aprender sem medo da violência", afirmou Stéphane Dujarric, na sua conferência de imprensa diária.
O apelo de Guterres surgiu depois de também o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) ter pedido ao Governo da Nigéria para que assegure a libertação das alunas. O representante da UNICEF na Nigéria, Peter Hawkins, afirmou que a agência das Nações Unidas está ultrajada e triste o outro "ataque brutal" no país contra crianças em idade escolar.
Hawkins considerou que o sequestro das mais de 300 alunas é uma "terrível violação dos direitos das crianças e uma experiência horrorosa para os alunos" e que "certamente terá efeitos duradouros para o bem-estar e saúde mental" destes.
Libertadas 42 pessoas sequestradas há 10 dias
Trata-se do mais recente rapto de um grande número de estudantes, sob resgate, no país onde grupos armados aterrorizam a população que também roubam e pilham as povoações. Na semana passada, 42 pessoas foram raptadas no centro do país e em dezembro 300 rapazes foram alvo da mesma ação por grupos armados na região de Kankara, estado de Katsina.
As 42 pessoas, incluindo 27 crianças, sequestradas há 10 dias foram entretanto libertadas, afirmaram este sábado (27.02) as autoridades. "Os alunos, professores e funcionários da Escola de Ciências de Kagara recuperaram a liberdade e são recebidos pelo governo local", anunciou na rede social Twitter Abubakar Sani Belo, governador do estado de Níger, uma das áreas minadas pelo grupos criminosos chamados "bandidos".
Em meados de fevereiro, homens armados atacaram esta escola secundária pública em Kagara, matando um aluno e levando consigo 27 alunos, três professores e 12 membros da equipa de funcionários.
A cada novo sequestro em massa, as autoridades federais e locais afirmam não pagar resgate aos sequestradores pela libertação dos reféns, o que é improvável aos olhos dos especialistas em segurança que temem que esta forma de sequestro se multiplique na região. Os grupos criminosos são motivados pela ganância, mas alguns estabeleceram fortes vínculos com grupo jihadistas presentes no Nordeste.
Esta violência já matou, desde 2011, mais de 8.000 pessoas e forçou mais de 200 mil pessoas a fugir das suas casas, de acordo com um relatório do Internacional Crisis Group (ICG) publicado em maio de 2020.