Navalny: Divulgados detalhes de envenenamento por Novichok
23 de dezembro de 2020Cientistas explicam num artigo de quatro páginas, publicado pela revista científica The Lancet, que "um envenenamento grave com um inibidor da colinestérase foi diagnosticado no Charité [hospital universitário de Berlim".
O artigo aborda, pela primeira vez, os sintomas desencadeados pelo agente neurotóxico do grupo Novichok desenvolvido pela União Soviética na década de 1980.
"A verificação do envolvimento de um agente Novichok só foi feita vários dias após ter sido estabelecido o diagnóstico de intoxicação e não afetou as decisões de tratamento", continuam.
De acordo com o artigo publicado com o consentimento de Navalny, o opositor russo, depois do início dos primeiros sintomas, entrou em coma, a frequência cardíaca desacelerou drasticamente e a sua temperatura corporal caiu para 33,5 graus Celsius.
"O seu bom estado de saúde antes do envenenamento provavelmente favoreceu a recuperação", prosseguem os cientistas, contradizendo as conclusões dos médicos russos que por um tempo questionaram o estilo de vida e o estado geral de saúde de Navalny.
Secreta russa é acusada
Um crítico feroz do regime de Vladimir Putin, Alexei Navalny adoeceu gravemente em 20 de agosto num avião na Sibéria, enquanto fazia campanha para as eleições locais e regionais.
Depois de ser tratado num hospital da Sibéria, foi transferido para o hospital Charité de Berlim, de onde recebeu alta algumas semanas depois.
Desde então, Navalny acusa os serviços secretos russos de estarem por trás da tentativa da assassínio, alegação considerada "delirantes" por Moscovo, que até agora negou que tenha sido envenenado, por falta de acesso a provas de intoxicação.
Navalny reagiu esta quarta-fera (23.12) à divulgação do estudo na Lancet com ironia.
"O mais importante é que Vladimir Putin esteja aliviado. Em cada conferência de imprensa, ele exclamava agitando as mãos 'quando é que os alemães vão fornecer os seus dados?'... Isso já não importa, os dados médicos estão publicados e disponíveis para todo o mundo", declarou, na sua conta do Facebook.
A União Europeia (UE) exigiu explicações a Moscovo e aplicou sanções, às quais a Rússia responde na terça-feira com contramedidas.