NATO e Rússia não conseguem ultrapassar diferendos sobre a Líbia
5 de julho de 2011Moscovo, declarou que tem uma visão diferente da da Aliança Atlântica sobre a forma de aplicar a resolução da ONU que autoriza o recurso à força na Líbia. Por seu lado, o secretário geral da NATO, Anders Rasmussen, considerou que o fornecimento de armas aos rebeldes está no quadro da resolução.
O presidente sul-africano, Jacob Zuma, participou nas conversações e defendeu a posição da União Africana que continua a desejar uma solução pacífica e política para o conflito líbio.
Enquanto isso, a Turquia, anunciava o rompimento das suas relações diplomáticas com a Líbia e reconhecia o Conselho Nacional de transição, CNT, que representa a rebelião líbia.
O Presidente russo Dmitri Medvedev encontrou-se esta segunda feira (04/07) com o homólogo sul-africano, Jacob Zuma, momentos antes da reunião do Conselho NATO-Rússia, na cidade costeira de Sotchi, no Mar Negro. No termo do encontro, a Aliança Atlantica e a Rússia não conseguiram solucionar os seus diferendos quanto aos bombardeamentos da NATO na Líbia.
A África do Sul, tal como a Rússia, procura ter um papel de mediador no conflito na Líbia, tendo os dois países ao longo das últimas semanas enviado emissários àquele país para discutir com os dois beligerantes.
A propósito da deslocação de Zuma à Rússia, a chefe da diplomacia sul-africana, Maite Nkoana-Mashabane, que está em Berlim, afirmou " que o Presidente Zuma foi mandatado pelos seus colegas depois da cimeira da União Africana (UA) para se juntar ao presidente Medvedev, em Sotchi, com o objetivo de avaliar a questão da Líbia e ver se podemos sincronizar a posição da UA com o G-8", ( também conhecido como o G7 mais Rússia, inclui os Estados Unidos da América, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá). A iniciativa que partiu do G-8 foi conhecida por intermédio das autoridades russas.
Recorde-se que a Rússia se absteve de vetar, em fevereiro, no Conselho de Segurança da ONU a resolução 1973 que deu lugar à intervenção ocidental na Líbia, mas em seguida denunciou a interpretação da mesma por parte da Aliança Atlântica.
Referindo-se ao encontro mantido com o seu homólogo alemão, a ministra sul-africana sublinhou que “estamos a trabalhar em conjunto para podermos encontrar uma solução visando uma paz duradoura face à crise política na Líbia". E segundo a governante sul-africana a Alemanha e o seu país " concordamos que o que irá ajudar a Líbia é uma solução política e não necessáriamente uma solução militar”, conlcuiu.
Por seu turno, o ministro alemão Guido Westerwelle destacou que o seu país " apoia o engajamento da UA na Líbia para uma solução política da situação". E Westerwelle concluiu ao afirmar que " o papel da UA é essencial e imprescindível na solução dos conflitos no continente africano” .
A deslocação de Jacob Zuma à Rússia foi anunciada no domingo e isso na sequencia de uma cimeira da União Africana, em Adis - Abeba, durante a qual a organização pan-africana adotou um texto que deverá servir de base para futuras negociações entre as partes líbias.
O documento, preve nomeadamente afastar o coronel Kadhafi das negociações, embora recuse aplicar o mandato de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) contra o dirigente líbio que acusa de crimes contra a humanidade.
Por outro lado, o texto não apela de forma explícita o coronel Kadhafi a ceder o poder, mas prevê o envio para a Líbia de uma "força de manutenção da paz".
A rebelião líbia, já rejeitou este acordo-quadro porque não inclui o abandono do poder por parte do coronel Muammar Kadhaffi e seus próximos.
Autor: António Rocha
Edição : António Cascais