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Natal marcado por preços altos e dificuldades em Angola

22 de dezembro de 2024

Com a inflação a rondar os 20%, muitas famílias angolanas enfrentam dificuldades para celebrar o Natal e o Ano Novo, devido à subida dos preços dos bens essenciais e baixos rendimentos.

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Mercado de Menongue, no Cuando Cubango, Angola
Mercado de Menongue, no Cuando Cubango, AngolaFoto: Adolfo Guerra/DW

Em plena quadra natalícia, o entusiasmo gerado pela visita do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, a Angola, já ficou para trás. Os angolanos enfrentam agora a dura realidade de um Natal e Ano Novo marcados pelo aumento habitual dos preços e pelas dificuldades económicas. Muitos cidadãos queixam-se de não conseguirem adquirir bens essenciais para celebrar as festividades.

A visita de Biden, em dezembro, criou expectativas de melhoria nas condições de vida, mas, poucas semanas após o seu regresso aos EUA, os preços dos principais bens e serviços dispararam.

Famílias sem condições para o Natal

Às vésperas do Natal, muitas famílias angolanas admitem não ter sequer o básico para celebrar. Guilhermina Custódio, residente em Luanda, partilha o seu desinteresse pelas festividades:

"Neste momento ainda não preparei nada sabendo que as coisas estão muito difíceis", disse. "Acho que o mais importante é alegrar as nossas crianças, fazer um bolo, uma feijoada. Comprar um sumo. Pensar em bacalhau ou outras coisas é impossível", acrescentou.

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Elsa Coelho, também moradora de Luanda, enfrenta a mesma realidade, agravada pelo desemprego:

"Estamos atrás dos biscates, mas ainda não conseguimos nada. Vamos fazer um funje com o que aparecer. É o nosso dia-a-dia."

Já Belchior Rodrigues conseguiu adquirir o essencial, mas reconhece os desafios:

"Os preços estão puxados, mas já temos grades de gasosas, bolos e outras coisas."

Preços altos e conselhos para a contenção

O economista Nataniel Fernandes explica que esta época do ano torna-se ainda mais difícil devido à subida dos preços e ao baixo poder de compra das famílias:

"Os rendimentos não chegam para as necessidades básicas. Nesta altura, a procura de produtos alimentares aumenta e isso pressiona os preços, afetando todos, independentemente do rendimento."

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Nataniel Fernandes aconselha as famílias a celebrarem de forma simples e a evitarem dívidas:

"O mais importante não são os bens materiais, mas o tempo passado com quem amamos. Planear bem os gastos e evitar comprometer o orçamento dos próximos meses é essencial."

Inflação e desafios para 2025

Em 2024, a inflação em Angola rondou os 20%, enquanto o Orçamento Geral do Estado para 2025 prevê uma descida para 16%. Contudo, Nataniel Fernandes sublinha a necessidade de medidas que aumentem o poder de compra das famílias:

"Precisamos de uma melhor redistribuição da riqueza. O sofrimento de muitos angolanos não é sazonal, mas constante. A diferença é que se intensifica nesta altura do ano."

Apesar das dificuldades, o economista apela à criatividade e resiliência das famílias para encontrarem formas de celebrar a quadra, valorizando os momentos em família acima das condições materiais.

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