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Nampula: Paulo Vahanle à caça de "empregados fantasma"

Sitoi Lutxeque (Nampula)
15 de junho de 2018

Em Moçambique, Paulo Vahanle, que está há menos de dois meses à frente do município de Nampula, está determinado em mostrar trabalho. Depois do combate ao lixo na cidade, agora quer acabar com os funcionários-fantasma.

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Paulo Vahanle não revela números de possíveis funcionários-fantasmaFoto: DW/S. Lutxeque

Depois de tomar posse a 18 de abril, o novo edil de Nampula quer pôr ordem na casa. Paulo Vahanle diz que encontrou o município de "pernas para o ar" depois da morte do anterior autarca, Mahamudo Amurane, em outubro passado.

Segundo Vahanle, há a suspeita de ter havido contratações ilícitas. Entretanto, já foram identificados funcionários-fantasma, que recebem salários sem trabalhar.

"Levámos as folhas salariais de dois meses antes da morte do presidente Amurane, setembro e outubro e agora e março-abril.  Estamos a tentar fazer comparação para ver admissões ilícitas, por um lado. Por outro, para ver esses funcionários-fantasma que recebem ordenados", explicou.

As investigações continuam a decorrer e o edil não avançou números concretos.

"Ordenámos aos colegas dos recursos humanos que fizessem uma mini-prova de vida para, na verdade, comprovar quem são os verdadeiros funcionários", acrescentou.

Nampula: Paulo Vahanle à caça de "empregados fantasma"

Antigo edil interino defende-se

As dívidas do município são cada vez maiores. De acordo com o autarca, da RENAMO, na altura da morte do antigo edil, em outubro, Nampula devia aos credores 41 milhões de meticais (mais de 546 mil euros). Agora, a dívida já ultrapassa os 50 milhões de meticais (o equivalente 700 mil euros). 

Américo da Costa Iemenle, antigo edil interino de Nampula, do Movimento Democrático de Moçambique ( MDM), defende-se, e diz que, nos seis meses em que geriu a cidade, teve pouco tempo para procurar funcionários-fantasma. E nega ter feito contratações ilegais.

"Não faço ideia de ter feito contratações a nível do município, talvez as pessoas que estão lá à frente [nos setores dos recursos humanos] possam falar sobre disso. Antes de nós falarmos determinadas coisas, é preciso analisarmos com profundidade, mas isso cabe ao presidente do município, para dizer se houve ilegalidade e mostrar essas ilegalidades."

O antigo edil incita o novo autarca a seguir em frente com as investigações, para apurar os factos. Ao mesmo tempo, Américo da Costa Iemenle, que é o atual presidente da Assembleia Municipal de Nampula, diz que se orgulha dos seus seis meses de governação.

"A minha maior luta foi trazer acalmia ao Município de Nampula, para que as atividades pudessem correr na normalidade e para que os munícipes sentissem que ainda têm um Governo, por mais que seja interino, e que está a par dos seus problemas", disse.

Nampula, Mosambik, Americo Iemenle, ehemaliger Interimsbürgermeister von Nampula
Américo Iemenle, ex-edil interino, nega ter feito contratações ilegaisFoto: DW/S.Lutxeque

FRELIMO diz que vai ajudar

Entretanto, a FRELIMO não está surpreendida com a existência de funcionários-fantasma e contratações pouco transparentes no Conselho Municipal de Nampula, dada a situação que a autarquia viveu depois do assassinato do antigo edil. Alberto Adriano, porta-voz da bancada da FRELIMO na Assembleia Municipal, diz que a situação "era de esperar”.

‘‘Depois da morte do edil Mahamudo Amurane, nós assistimos ao primeiro presidente interino, Manuel Tocova, que enquadrou o seu pessoal e o outro, o Iemenle, também fez o mesmo' contou Alberto Adriano.

A FRELIMO, segundo Alberto Adriano, vai ajudar Paulo Vahanle com ideias para ultrapassar este problema.

"Ele tem de colocar este assunto em sessão da Assembleia Municipal para discutirmos e darmos opiniões nossas, como bancada [da FRELIMO]'', disse.

A DW África tentou contatar Manuel Tocova, o primeiro edil interino, depois do assassinato do Mahamudo Amurane, para se pronunciar a respeito deste assunto, mas, mesmo depois de se mostrar disponível para prestar declarações, nunca aceitou receber a DW.

Recorde-se que no período em que esteve no cargo, Tocova foi condenado pela Justiça por desobediência, devido às exonerações consideradas ilegais que realizou. 

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