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MSF pede à Europa para acolher as pessoas que fogem da Líbia

20 de maio de 2011

A organização humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF) solicitou esta quinta feira à Europa, numa carta aberta publicada em 13 jornais europeus, que acolha as pessoas que abandonam a Líbia

https://p.dw.com/p/ROu6
Médicos Sem Fronteiras, preocupada com a situação das pessoas forçadas a abandonar a LíbiaFoto: AP

No texto intitulado "A Europa deve acolher os "boat people" que fogem da Líbia”, os MSF denunciam o que consideram ser o duplo discurso político europeu que diz, por um lado, fazer a guerra na Líbia para proteger os civis; mas que por outro, encerra as fronteiras às vítimas desta mesma guerra, tendo como pretexto, o fluxo de migrantes ilegais.

A organização com sede em França, destaca ainda a desproporção em matéria de acolhimento entre os Estados limítrofes da Líbia, como a Tunísia e o Egito, que receberam cerca de 630 mil pessoas que fugiram da Líbia; e os Estados europeus que recusam no seu solo e águas territoriais os "boat people" que tentam chegar à Europa mesmo enfrentando enormes perigos.

Os refugiados não são só líbios

Mas, as pessoas que abandonam a Líbia, não são somente líbios e nem todos têm como objetivo a Europa. Também muitos outros africanos tem deixado o país de Muammar Kadhafi.

Libyen Rebellen
Conflito armado na Líbia obriga centenas de migrantes africanos a abandonar o paísFoto: picture alliance/dpa

Na verdade são centenas de migrantes africanos que já fugiram desde o início da crise líbia. Esses burkinabés, malianos e togoleses nomeadamente conseguiram chegar ao Tchade.

O correspondente da DW na região, Louis Deubalbet, encontrou-se com alguns deles que pedem à Organização Internacional para as Migrações (OIM) para lhes dar toda a assistência porque na fuga abandonaram na Líbia o pouco que tinham adquirido durante muitos anos de trabalho.

O primeiro que aceitou falar para o nosso correspondente foi Adama, um jovem burkinabé de 23 anos. Com muita emoção ele conta as condições em que atualmente se encontra.....

“É a guerra que me forçou a vir para aqui. Estou numa situação muito difícil porque não tenho nada...falta-me tudo, inclusive o dinheiro que tive de deixar na Líbia. Quando abandonei a Líbia, tinha ainda nos bolsos 100 dinares...atualmente tenho somente 30 dinares, ou seja 15 mil francos CFA (cerca de dois euros). Assim não consigo sobreviver...”

Os emigrantes perderam todas as economias

Muito difícil de encarar quando se perde tudo num único dia...e pior ainda quando se vê os amigos e compatriotas a serem massacrados. Mas, apesar de tudo existem ainda pessoas que estão dispostas a regressar à Líbia. Esta é a posição de Kloutché, um jovem togolês....

“Não tenho dúvida...vou regressar porque todos os meus documentos, a minha vida... estão na Líbia. Se a situação melhorar já decidi..vou regressar”.

Stanley, é o único dos 19 camaroneses que fugiu de Trípoli em direção à fronteira tchadiana. Para ele a sua aventura na Líbia terminou....

“Até agora muitos camaroneses não conseguiram chegar ao Tchade por falta de meios. Eu não vou regressar mais à Líbia porque depois desta guerra não sei como será para nós estrangeiros viver naquele país...”

Keita, de origem maliana, é um outro jovem que disse à reportagem da DW que aprendeu muito com a situação que viveu na Líbia...

“Vou tentar arranjar trabalho no Mali. Antes de partir de Bamako para a Líbia trabalhava, mas o dinheiro não chegava para a família. Agora que deixei a Líbia, compreendi muita coisa e não acredito que a situação seja melhor nos próximos tempos...”.

Logo IOM Internationale Organisation für Migration
Organização Internacional para as Migrações vai transportar para os seus países de origem todos os migrantes africanos que abandonaram a Líbia

Segundo a Organização Internacional para as Migrações, as precauções já foram tomadas a fim de poder transportar para os seus países de origem todos os migrantes africanos que fugiram da Líbia e assim o desejam.

Autor: Louis Deubalbet (Tchade) / António Rocha

Revisão: Carlos Martins