Moçambique quer "aprimorar" cooperação económica com Itália
9 de julho de 2019"É interesse de Moçambique aprimorar estratégias de forma a tirar benefícios do apoio financeiro e assistência técnica da Itália, especialmente na iniciativa 'Itália-África', disse Filipe Nyusi, citado esta terça-feira (09.06.) pela Televisão de Moçambique.
Filipe Nyusi falava em Roma, no fórum Moçambique-Itália, no âmbito da visita oficial que está a fazer a Itália desde sgunda-feira e até amanhã quarta-feira (10.06.).
"O intercâmbio entre os dois países atestou nos últimos anos cifras a atingir aproximadamente 600 milhões de euros", afirmou o Presidente moçambicano.
Existem em Moçambique 40 empresas italianas em áreas como hidrocarbonetos, construção, turismo, logística, transporte, comércio de bens e consumo.
Itália parceiro estratégico de MoçambiqueO Presidente moçambicano considera Itália um parceiro estratégico e afirmou que o país europeu poderá ser impulsionador do crescimento de alguns setores em Moçambique, como carvão, indústria, mineração, gás e petróleo, onde a petrolífera Eni já está presente.
A petrolífera italiana Eni é uma das principais investidoras na exploração de gás natural na bacia do Rovuma, ao largo da costa norte de Moçambique, a par das norte-americanas Anadarko e Exxon Mobil.
A agenda de Nyusi em Itália prevê um encontro com o seu homólogo, Sergio Mattarella, e com a comunidade moçambicana residente no país. O programa inclui ainda visitas a empreendimentos de interesse económico e social, bem como uma deslocação à província de Milão, onde Filipe Nyusi vai participar na Conferência Económica da Associação Nacional de Engenharia de Unidades Industriais (ANIMP, sigla italiana).
Calendário para a paz definitiva será cumprido
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, também disse na capital italiana que o processo de paz está a registar avanços, mostrando-se confiante na conclusão das negociações entre Governo e Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), principal partido da oposição, antes das eleições gerais de outubro."O diálogo para a paz com a RENAMO continua a registar avanços, o que assegura que o calendário estabelecido para o processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) dos homens armados da RENAMO vai ser cumprido", afirmou Filipe Nyusi.
Comunidade de Sant'Egídio
Nyusi falava durante um encontro com o fundador da Comunidade de Sant'Egídio, Andrea Riccardi. Nyusi manifestou o desejo de ver representantes da Comunidade de Sant'Egídio no processo de DDR.
A Comunidade de Sant'Egídio participou na mediação das negociações que conduziram à assinatura, em Roma, do acordo-geral de paz que levou o fim da guerra de 16 anos, entre o Governo e a RENAMO.
Afonso Dhlakama, então presidente da RENAMO, declarou um cessar-fogo que vigora desde dezembro de 2016 em Moçambique, após conflitos armados no centro do país (cerca de 800 quilómetros a norte da capital, Maputo) e encetou conversações de paz com o Presidente, Filipe Nyusi.
O diálogo levou à alteração da Constituição para acomodar o desejo da oposição de votação para governadores provinciais (até agora nomeados pelo poder central) a partir das eleições gerais deste ano.
Dhlakama morreu em 03 de maio de 2018 devido a complicações de saúde e o seu sucessor, Ossufo Momade, tem continuado as negociações com Nyusi nos restantes dossiers que podem levar à paz: desmilitarização, desarmamento e reintegração (DDR) dos guerrilheiros da RENAMO.