Moçambique: Parlamentares criticam gestão de crises
22 de fevereiro de 2023O Parlamento em Moçambique abriu mais a sessão, nesta quarta-feira (22.02), com críticas da oposição sobre a fraca capacidade de resposta no salvamento das vítimas das calamidades que assolam o país. Na mira das críticas esteve, sobretudo, o Instituto Nacional de Gestão de Riscos de Desastres (INGD).
No início do mês, milhares de pessoas ficaram sitiadas durante alguns dias no distrito de Boane devido a inundações, resultantes de chuvas intensas e descargas na barragem dos pequenos Libombos, no sul do país.
Os voluntários não tiveram mãos a medir. Desencadearam operações de salvamento com barcos e viaturas e distribuíram comidas, mantas e roupas nos centros de acomodação
Acusações graves
O presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Lutero Simango, afirmou que a operação do INGD foi um fracasso. E suspeita que tenham sido cometidos crimes pelos responsáveis: "O desaparecimento de meios e equipamentos sob gestão desta instituição e a falta de gestão deste recurso e circulação de informação de uso indevido dos 32 milhões de [meticais] transmite a existência de corrupção e desvios".
Simango exigiu uma auditoria independente por parte da Procuradoria-Geral da República.
Viana Magalhães, da bancada do maior partido da oposição, a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), afirmou que as intempéries no país são para alguns governantes uma oportunidade para enriquecer.
O deputado afirmou que "não constitui raridade ver quintas de repouso dos governantes equipadas com tendas idênticas da mesma série obtidas e usadas no Instituto Nacional de Gestão de Desastres Naturais. Muitas das tendas, geradores de energia, barcos, incluindo os seus motores, nestas quintas são desviados do INGD".
Aproveitamento político da desgraça alheia
O deputado Sérgio Pantie, do partido no poder, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), acusou alguns parlamentares da oposição de tirar proveito político das intempéries, em vez de prestarem ajuda.
"É triste que um deputado que se presume representante do povo no lugar de levar bens essenciais para apoiar as vítimas das cheias se concentre em utilizar a desgraça dos seus compatriotas para se autopromover nas televisões e nas redes sociais", disse Pantie, acrescentando: "É repugnante ver um colega eleito pelo povo a fazer aproveitamento político barato, populista e degradante aos olhos de quem precisa de ajuda."
Na mesa de debate para esta sessão legislativa estão agendados temas como o fundo soberano, leis de radiodifusão e da comunicação social e ainda a lei do funcionamento das organizações da sociedade civil.