Moçambique: LAM face à concorrência
6 de dezembro de 2018A Ethiopian Airlines está a operar no mercado doméstico moçambicano desde o último sábado (01.12.), ligando oito destinos, incluindo sete das 10 capitais provinciais, nomeadamente as de Nampula, Beira, Tete, Pemba e Quelimane e ainda à cidade portuária de Nacala.
Esta é a segunda companhia estrangeira autorizada a fazer voos domésticos depois da Fastjet, que quebrou o monopólio detido até 2017 pela operadora estatal Linhas Aéreas de Moçambique, LAM.
O Presidente da Associação para o estudo da defesa do consumidor, , disse a DW África que esta abertura é positiva pois "vai certamente trazer uma concorrência e é de forma que a LAM vai até certo ponto despertar que o mercado deve ser feito com base em serviços de qualidade e em respeito aos utentes".
Direito de escolher
Segundo Bacião, com novas companhias a operarem no mercado aéreo doméstico as pessoas podem optar se "viajam nesta companhia ou viajam na outra, por outro lado traz-nos também um benefício no que diz respeito aos preços. As pessoas que viajaram nesta nova companhia dizem que os preços são muito diferentes em relação aos praticados pelas Linhas Aéreas de Moçambique".Porém, o Comité Sindical da companhia de bandeira nacional emitiu um comunicado no passado dia 23 de novembro, no qual afirma que "os trabalhadores da LAM pedem a quem de direito que reponha a legalidade e tome medidas no sentido de que sejam salvaguardados os interesses nacionais".
Já Alexandre Bacião considera que a entrada de novas operadoras ao contrário de ser prejudicial vai criar na LAM um espírito de trabalho, de melhoramento de qualidade e de concorrência.
Para Bacião o pronunciamento dos sindicatos encontra explicação no facto de a companhia ter-se acomodado naquilo que eram os seus serviços. E acrescentou que os sindicatos devem passar para os trabalhadores a mensagem de que "é altura de arregaçar as mangas. Não se pode permanecer numa situação em que pensamos que nós somos os donos. Hoje o mercado é livre".
Requisitos exigidos às companhias aéreasUma série de requisitos é exigida às companhias estrangeiras para obterem o certificado que lhes habilita a operarem no mercado doméstico, conforme refere o Presidente do Instituto da Aviação Civil de Moçambique, João Abreu.
"Tem que demonstrar primeiro que tem uma idoneidade como empresa ou seja é uma empresa que está registada na Conservatória, segundo ter a capacidade financeira para fazer andar o seu negócio, terceiro demonstrar qual é o segmento da operação que pretende voos regulares ou não regulares para a devida licença, demonstrar que tem aviões, pilotos, técnicos de manutenção, uma sede registada em Moçambique e também é preciso garantir emprego no país".
Entretanto, a Ethiopian Airlines já registou uma contrariedade na última terça-feira (04.12.). Um avião com destino a Nampula, com escala em Tete, ficou retido no aeroporto da capital desta província, devido a problemas técnicos detetados depois da aterragem.
Parte dos passageiros em trânsito só seguiu viajem para Nampula na quarta-feira, enquanto outros só embarcaram esta quinta-feira, facto que segundo apurou a DW África criou algum desconforto.