Homens armados incendeiam casa da mãe de Manuel de Araújo
16 de setembro de 2019Em Moçambique, cinco homens armados incendiaram a casa da mãe de Manuel de Araújo, o candidato da RENAMO a governador da província da Zambézia. Segundo a polícia, o objetivo dos homens era assassinar a mãe do político.
Manuel de Araújo culpa diretamente o partido no poder, a FRELIMO, pelo que aconteceu. Os homens armados entraram na casa da mãe de Manuel de Araújo por volta da meia-noite, segundo relatos de testemunhas ouvidas pela DW África. O guarda da residência diz que foi apanhado de surpresa e não teve como fugir.
"Trouxeram duas armas AKM, duas pistolas, cinco catanas, mais uma picareta. Uma pistola estava embrulhada nuns panfletos em que aparecem Nhongo e Ossufo Momade”, segundo relatou o guarda.
Vizinhança apaga fogo
Os atacantes amarraram o guarda e, a seguir, incendiaram a casa. Assim que a vizinhança se apercebeu do que se estava a passar, vieram logo apagar o incêndio.
"Eu ouvi um barulho lá fora. Senti o cheiro do combustível. Saí para fora e já tinham amarrado o guarda na boca e nas mãos. Desatei a corda e fomos ao poço tirar água para apagar o fogo”, afirmou um dos vizinhos.
As três pessoas que se encontravam a dormir na residência, incluindo o guarda, escaparam ilesas. Na altura, a mãe do candidato da RENAMO, Manuel de Araújo, não estava no local. Mas muitos bens, incluindo roupas, ficaram queimados pelas chamas.
Araújo acusa a FRELIMO
Manuel de Araújo culpa o partido no poder em Moçambique, a FRELIMO, pelo ataque.
"Em primeiro lugar quero acusar publica e diretamente o partido FRELIMO e o Presidente Filipe Jacinto Nyusi como co-autores e mandantes deste crime bárbaro. Não é a primeira vez os autores são membros da FRELIMO”, apontou Manuel Araújo.
O candidato da RENAMO responsabiliza ainda o ministro do Interior moçambicano, Basílio Monteiro, e o candidato da FRELIMO a governador da província da Zambézia, Pio Matos, pela "autoria moral" do ataque.
"Para mim, o senhor Filipe Nyusi, o senhor Basílio Monteiro e o senhor Pio Matos são os autores morais deste crime que atenta contra a vida da minha família, da minha mãe, dos meus filhos e daqueles que vivem connosco”, acusou o candidato da RENAMO.
Campanha suja
Manuel de Araújo diz que não se surpreende com estes acontecimentos, porque já sabia que a campanha eleitoral em curso seria sangrenta.
"Eu já tinha advertido para isso mesmo antes do início da campanha. Eu disse que esta seria a campanha mais violenta a que nos já assistimos em Moçambique. Informámos a quem nos tem ouvido e a quem quis ouvir”, afirmou Araújo.
O comando da polícia da Zambézia garante que está a envidar esforços para capturar os cinco homens armados, que continuam a monte. Não se sabe ainda a identidade dos atacantes. Mas, segundo Sidner Lonzo, porta-voz da polícia, admite-se a possibilidade de os homens serem provenientes da cidade da Beira, província de Sofala.
"No momento em que se introduziram no quintal dessa residência e no momento em que imobilizavam o guarda eles disseram que vinham da cidade da Beira, e pretendiam tirar a vida à mãe do edil da cidade de Quelimane, o senhor Manuel de Araújo”, explicou Sidner Lonzo.
Centenas de simpatizantes da RENAMO e de outros populares aglomeraram-se esta segunda-feira (16.09.) junto à residência da mãe de Manuel de Araújo e pediram que seja feita justiça.
"Estou a perguntar se o acordo do presidente Nyusi e o presidente da RENAMO que eles fizeram na Gorongosa é esse ou não? Não podemos votar com medo. Essa é uma guerra, não há paz!”, reclamou uma das pessoas presentes no local.
Na conferência de imprensa convocada esta noite pela FRELIMO o porta-voz do partido, Sábado Chambe, condenou as declarações de Manuel de Araújo contra os seus altos dirigentes.
"A FRELIMO repudia e condena veementemente a postura assumida pelo cidadão Manuel de Araújo de proferir publicamente declarações acusatórias infundadas que mancham o bom nome e a imagem do partido FRELIMO e dos seus altos dirigentes. Visando o aproveitamento político, confundindo a opinião pública num contexto de campanha eleitoral, que decorre de forma ordeira, pacífica e num ambiente de cordialidade entre as várias forças políticas concorrentes", disse Chambe.