Guerrilheiras da RENAMO entregam armas na Gorongosa
5 de setembro de 2020No âmbito do acordo de paz entre o Governo de Moçambique e a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), 140 guerrilheiras do braço armado do maior partido da oposição foram desmobilizadas este sábado (05.09) numa antiga base militar em Vunduzi, distrito de Gorongosa, província de Sofala, centro do país.
Com estas guerrilheiras, o número total de abrangidos pelo processo de DDR passou para 1.075. Na cerimónia, esteve também presente o representante do Secretário-Geral da ONU, Mirko Manzoni.
"Nós, os moçambicanos, mais uma vez estamos a provar ao mundo inteiro que o papel da mulher nos processos de desenvolvimento, sociais, políticos e económicos é fundamental", disse o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, durante a cerimónia de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) daquele grupo.
Nyusi sublinhou ainda que o processo de paz não termina com a desmobilização, defendendo a necessidade de um diálogo permanente. "A paz significa uma inclusão permanente no diálogo e isso não pode parar", afirmou.
O líder da RENAMO, Ossufo Momade, afirmou que as mulheres desempenharam um papel fundamental para as vitórias alcançadas pelo partido, ao destacar-se na frente de combate militar e política e no processo de desenvolvimento nacional. Reiterou também apelos para uma "desmobilização condigna e humanizada", bem como para "a abertura de um ambiente de coabitação política pacífica, pressupostos de uma paz duradoura e efetiva reconciliação nacional".
A base de Vunduzi foi o local onde decorreu o último encontro entre o Presidente da República, Filipe Nyusi, e o líder histórico da RENAMO Afonso Dhlakama, falecido na Gorongosa em 2018 por complicações de saúde.
Progressos
Depois de um arranque simbólico no ano passado, o DDR esteve paralisado durante vários meses, tendo sido retomado em 4 de junho. Este processo vai abranger 5.000 membros do braço armado do maior partido da oposição.
Apesar de progressos registados no processo, que teve como principal marco a assinatura do Acordo de Paz e Reconciliação Nacional em agosto do ano passado, um grupo de dissidentes do partido que forma a autoproclamada Junta Militar da RENAMO é acusado pelas autoridades de protagonizar ataques armados que já provocaram a morte de pelo menos 24 pessoas.
Liderada por Mariano Nhongo, antigo líder de guerrilha da RENAMO, a autoproclamada Junta Militar, contesta a liderança do partido e o acordo de paz assinado em agosto, sendo acusada de protagonizar ataques visando as forças de segurança e civis em aldeias e nalguns troços de estradas na região centro do país.