Moçambique: Extração de solo ameaça habitações em Tete
14 de dezembro de 2023A extração de solos para a produção de tijolos, conhecida como olaria, não é uma novidade na cidade de Tete, sendo uma fonte de rendimento para várias famílias. Contudo, nos últimos tempos, a atividade tem causado sérios problemas, levando os residentes a temer pela segurança das suas moradias.
"Se eles continuarem aqui, haverá problemas sérios. Vamos lá ver: naquela estrada, passavam carros, e hoje nem carro nem carroça podem passar, apenas peões, mas também com dificuldades", afirma Miguel Paulito, um idoso residente no bairro, que expressa a sua preocupação com a proximidade da sua casa em relação às crateras.
A apenas três metros de um desses buracos profundos, este habitante insta os oleiros a interromperem imediatamente as suas atividades na área.
Vina Bravo, outra moradora afetada, também pede ajuda e solicita que os oleiros encontrem um local alternativo para a sua prática.
"Nós que estamos perto é que estamos mal, então estamos a pedir socorro. Devem procurar outro lugar para que eles possam continuar com a atividade deles, mas não aqui, porque aqui há um perigo para nós".
Riscos ambientais
A prática da olaria estende-se por vários bairros da cidade de Tete, causando efeitos semelhantes em outras zonas residenciais. Apesar de ser uma atividade de subsistência para muitas famílias, o ambientalista Simão Sebastião destaca que nenhuma atividade lucrativa deve comprometer o meio ambiente.
"É possível exercer essa atividade em zonas não habitadas para não pôr em risco a vida e a comunidade como um todo, até porque, se formos ver, não é toda a comunidade que desenvolve esta prática", comenta.
João Sande, um oleiro com cinco filhos e duas esposas, compreende os riscos da sua atividade, mas afirma que a olaria é a base do sustento da sua família.
"Há perigo sim, tal como se pode ver. No tempo chuvoso, enche de água, mas vamos continuar aqui. Sobrevivemos disso, ou sem isso, não há vida", admite.
Autoridades prometem resolver problema
Diante da situação, o conselho municipal da cidade de Tete informa que já está a trabalhar no caso em colaboração com a direção provincial de desenvolvimento territorial e ambiente.
Dino de Andrade, chefe do serviço do meio ambiente no conselho municipal, assegura que "depois da retirada daquela gente, temos instrumentPopulação sem "informação clara" sobre extração de areias no sul de Moçambiqueos apropriados e máquinas para colocar aquele lugar em condições".
"De modo que os munícipes ao redor não estejam em risco como estão agora", conclui.