Moçambique: Ex-combatentes querem ajudar a pôr fim a ataques
27 de junho de 2018A Associação dos Combatentes da Luta de Libertação de Moçambique (ACLIM) na Zambézia, solicitou um encontro com o Presidente Filipe Nyusi, para lhe manifestar a disponibilidade dos seus membros em ajudar, com a sua experiência do passado, em acabar com os ataques e assassinatos que nos últimos tempos têm ocorrido na província nortenha de Cabo Delgado.
Eduardo Mauaua, é um dos ex-combatentes da luta de libertação moçambicana e disse em entrevista à DW África que está muito preocupado com os ataques nomeadamente em Mocímboa da Praia, na província de Cabo Delgado. Pelo facto, ele e outros antigos combatentes solicitaram ao Presidente Moçambicano a convocação de um encontro com todos os membros da ACLIM, para uma análise conjunta da situação que as populações no norte do país estão a enfrentar, com vista a tomar medidas que irão pôr termo aos ataques e assassinatos naquela região moçambicana."Com base na nossa experiência do passado, cheguei à conclusão que o Presidente tem que se aproximar dos ex-combatentes para que estes possam ajudá-lo a pôr um termo aos ataques. Moçambique precisa de prosperar a partir dos projetos de desenvolvimento económico e os inimigos deste país sabem que a província de Cabo Delgado é uma região económica e potencialmente interessante para exploração de petróleo, gás e de outros recursos minerais. O inimigo, que está ver que Moçambique vai prosperar com base nesses recursos, procura, por todos os meios, sabotar esse desenvolvimento. Nós não estamos de acordo", sublinhou Mauaua.
Estrangeiros com apoio de moçambicanos
O ex-combatente, não duvida que os ataques e assassinatos que enlutaram recentemente a província de Cabo Delgado sejam realizados porforças estrangeiras, que possivelmente contam com algum apoio de alguns moçambicanos internamente.
"Esta situação não é nova, porque durante a luta de libertação nacional quando o colonialismo português começou a fracassar militarmente, também usou forças locais e tribais, treinando-as e equipando-as para lutarem contra os seus irmãos. Eram indivíduos que até saíam da FRELIMO e iam juntar-se às tropas portuguesas para lutarem contra os guerrilheiros da FRELIMO. É isso que está a acontecer em Cabo Delgado. A força estrangeira que está contra o desenvolvimento, recruta e treina algumas pessoas, fazem-lhes falsas promessas porque estão desempregadas e estas acabam por aceitar realizar ataques e assassinatos no seio de suas próprias famílias e irmãos", concluiu.Um outro ex-combatente Armando Muiaia, apesar de não compreender o real sentido desses ataques, acredita que a situação de paz no país tende a melhorar e acrescenta que "estes ataques que estão contra o nosso desenvolvimento devem ser combatidos com toda força possível. Apesar de alguns altos e baixos neste processo de paz em curso no país, o nosso Presidente (Filipe Nyusi) continua a negociar com a RENAMO e tudo está a andar bem. Não sei porquê estes homens que realizam os assassinatos e ataques estão a comportar desta maneira porque ninguém sabe o que na verdade estão a defender. O que todos nós sabemos é que eles matam pessoas inocentes, queimam casas e desestabilizam o país. A única forma de acabar com esta situação é apanhar esses grupos, e nós, os ex-combatentes, estamos dispostos a ajudar nessa missão".
Para o veterano da luta de libertação Fernando Viagem, é muito triste o que está a acontecer porque "o diálogo está fluir da melhor forma entre o Presidente Nyusi e a oposição para que o país possa viver em paz e para que todo povo viva bem e livre e de repente surge esta insegurança em cabo delgado. Por isso repito é muito triste porque as pessoas estão a abandonar as suas casas e estão numa situação muito difícil. Esta situação tem que ser resolvida para o bem do povo moçambicano".
Zambézia está estável?
Entretanto, para o Governador da Zambézia Abdul Razak, apesar dos vários ataques ocorridos em Cabo Delgado, o pais vive uma situação de estabilidade.
"Quando dizem que no nosso pais e concretamente na nossa província há um clima de terror, respondemos da seguinte forma: Então como é que todos dias vamos para o trabalho, vamos para as festas, celebramos casamentos, vamos às mesquitas e igrejas, convivemos entre nós, pessoas de raças e confissões religiosas diferentes e nada acontece connosco? Estamos aqui a conviver em paz e em reconciliação e portanto não podemos aceitar que outros digam que o nosso pais está num clima de terror. Vivemos sim num clima de paz e de grande harmonia que todos sentimos orgulho".