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Moçambique planeia mais centrais apesar do combate ao carvão

Lusa
13 de outubro de 2021

Relatório revela que cinco países africanos, incluindo Moçambique, estão a planear construir centrais elétricas a carvão, apesar da luta global para pôr fim àquelas unidades de produção, muito poluentes.

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Foto de arquivo: Mina de carvão em Moatize.Foto: DW/J. Beck

Segundo o "No New Coal Handbook", divulgado esta quarta-feira (13.10) pelos grupos de reflexão Ember, E3G e Global Energy Monitor, "cinco países africanos ainda têm centrais a carvão planeadas" entre os quais Moçambique, apesar da luta global para que não sejam criadas mais unidades de produção de eletricidade com base naquela fonte energética, altamente poluente.   

Os cinco países africanos são o Botsuana, Maláui, Moçambique, África do Sul e Zimbabué, que estão "entre um grupo minoritário de apenas 21 países que têm em fase de planeamento mais do que uma nova central elétrica a carvão", refere-se no documento. 

A nova análise "mostra que a cadeia de atividades global para novos projetos de energia a carvão está a encolher, rapidamente, à medida que o ímpeto aumenta no sentido de deixarem de existir novas centrais a carvão para lá de 2021". 

Sem apoio da China, futuro é incerto

De acordo com o mesmo documento, todos os projetos dos cinco países africanos "procuram financiamento por parte da China", o que quer dizer que poderão enfrentar "um futuro incerto". Isto, porque a China anunciou recentemente que vai por "um ponto final no apoio a projetos de carvão no estrangeiro", recorda a análise.

Aliás, com aquele recente anúncio da China de que deixará de construir projetos de energia a carvão no estrangeiro, que surge na sequência de compromissos semelhantes assumidos, no início deste ano, pelo Japão e pela Coreia do Sul, a análise prevê que "o cancelamento da cadeia de atividades global relacionadas com projetos de carvão em pré-construção irá, sem dúvida, acelerar". 

No total, segundo o documento, havia 24 países que pretendiam receber apoio da China para novas centrais de carvão e este anúncio abre a porta ao cancelamento destes projetos, dando prioridade às energias limpas.

Luftverschmutzung in China
Central elétrica em Hangzhou, na China.Foto: Zhou Changguo/dpa/picture alliance

Países africanos bem posicionados para o compromisso

No documento sublinha-se que as nações africanas até "estão bem posicionadas para se comprometerem com o plano 'No New Coal'", ou seja, com um mundo sem centrais a carvão.

"Existem apenas quatro centrais elétricas a carvão em construção no continente, na África do Sul e no Zimbabué, e apenas três centrais se tornaram operacionais desde 2015", refere-se na análise.

O "No New Coal Handbook", publicado pelos grupos de reflexão Ember, E3G e Global Energy Monitor, revela o estado de todos os países produtores de carvão do mundo que ainda não confirmaram que não construirão mais centrais elétricas alimentadas por aquela fonte energética. 

A Agência Internacional de Energia declarou que "nenhuma nova central de carvão deveria ser aprovada para além de 2021 para limitar o aquecimento global a 1,5°C", recorda-se no documento.

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O relatório identifica quarenta economias que poderiam comprometer-se imediatamente com a não construção de novos projetos de carvão. Trinta e seis destes países "não têm projetos previstos ou em construção, incluindo a República Democrática do Congo, o Gana, a Guiné-Conacri, as Maurícias, a Namíbia, a Nigéria, o Sudão e a Zâmbia", destaca.

"Outras 16 economias têm apenas uma central de carvão proposta e poderiam comprometer-se prontamente com a não construção de novos projetos de carvão, incluindo o Djibuti, o Essuatíni, a Costa do Marfim, o Quénia, Madagáscar, Marrocos, o Níger e a Tanzânia", acrescenta.

Acordos e apelos

Um relatório recente da E3G, Ember e GEM mostrou como a cadeia de atividades relacionada com as centrais elétricas a carvão propostas diminuiu em 76% desde o Acordo de Paris, em 2015.  Desde então, acrescenta, "44 governos já se comprometeram formalmente a não construir novas centrais elétricas a carvão, incluindo Angola, a Etiópia e o Senegal".

O secretário-geral das Nações Unidas Guterres apelou para que "deixem de existir novas centrais a carvão até 2021", enquanto o Presidente Designado da COP, Alok Sharma, apelou para que a COP26 "deixasse o carvão para trás", em novembro de 2021.

O relatório divulgado hoje chega numa altura em que sete governos, incluindo os de Sri Lanka, Chile e Alemanha, anunciaram um "No New Coal Power Compact" [acordo para uma produção sem carvão), a 24 de setembro, convidando mais países a juntarem-se ao compromisso antes da cimeira climática da COP26, em novembro.

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