Moçambique e Gana condenam golpes de Estado
1 de setembro de 2023"Eu não acredito que não haja nada a falhar nos países asiáticos, europeus, como também nos países da América do norte, centro e sul, mas isso nunca ditou golpes", disse Filipe Nyusi, Presidente da República de Moçambique, durante uma conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo do Gana, que está a realizar uma visita ao país.
Para o Presidente moçambicano, não existem razões que justifiquem golpes de Estado, até porque em todos os países há problemas, acrescentando que há uma necessidade de se rever como é exercida a democracia no continente.
"Nós somos contra as mudanças inconstitucionais de poder e golpes de Estado que estão a acontecer na África ocidental, sobretudo porque estamos a ver uma tendência de descer para a África central", vincou igualmente Nana Akufo-Addo, Presidente do Gana.
"Melhores formas" de governação
Nana Addo Akufo-Addo defendeu que é preciso encontrar "melhores formas" de governação e "não através de intervenções militares", referindo que a situação só aumenta os problemas já existentes no continente.
"Se sempre que há um problema num Estado africano a resposta for um golpe, quando é que teremos a estabilidade que nós pretendemos para desenvolver o continente", questionou o estadista ganense.
Na quarta-feira, um grupo de militares anunciou ter tomado o poder no Gabão, pouco depois de a comissão eleitoral ter declarado a vitória de Bongo nas eleições presidenciais e legislativas do dia 26 de agosto, que a oposição considerou fraudulentas.
Os golpistas afirmaram que o escrutínio não foi transparente, credível ou inclusivo e acusaram o Governo gabonês de governar de forma "irresponsável e imprevisível", prejudicando assim a "coesão social".
UA e ONU associam-se à condenação
No final do dia de quarta-feira, os líderes do golpe de Estado anunciaram a nomeação do general Brice Oligui Nguema, comandante da Guarda Republicana do país, responsável pela segurança do próprio chefe de Estado, como novo "presidente de transição".
O presidente da Comissão da União Africana (UA), Moussa Faki Mahamat, condenou o golpe, descrevendo-o como uma "violação flagrante dos instrumentos jurídicos e políticos" da organização.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, associou-se à condenação, embora tenha alertado para a existência de irregularidades no processo eleitoral que conduziu à vitória de Bongo.