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Liberdade de imprensaMoçambique

Há mais um jornalista desaparecido em Moçambique

Neusa e Silva
3 de novembro de 2022

MISA Moçambique acusa as autoridades policiais da detenção de um jornalista em exercício de funções a 25 de outubro em Cabo Delgado. Arlindo Chissale está "incontactável", adverte Jeremias Langa, daquela organização.

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Foto ilustrativaFoto: Andrey Popov/Panthermedia/imago images

O jornalista do portal online "Pinnacle News", Arlindo Chissale, encontra-se desde terça-feira da semana passada (25.10) detido e incomunicável, num acto alegadamente protagonizado pelas autoridades governamentais do distrito de Balama, em Cabo Delgado, Norte de Moçambique, denunciam os escritórios em Moçambique do MISA – Media Institute of Southern Africa.

Fontes próximas do jornalista relatam que o facto ocorreu quando o profissional de comunicação captava imagens de instituições públicas daquele distrito. Contactado pelos familiares do jornalista, o Administrador daquele distrito, Edson Lino, confirmou a detenção de Arlindo Chissale.

Em declarações à DW, o presidente do MISA Moçambique, Jeremias Langa, diz que o caso faz lembrar o desaparecimento do jornalista Ibraimo Mbaruco, em abril de 2020.

DW África: O que é que o MISA Angola fez até ao momento para saber do paradeiro de Arlindo Chissale?

Jeremias Langa (JL): O que nós fizemos foi constituir um advogado para acompanhar o caso junto das autoridades. O advogado já entrou em contacto com a polícia, que remeteu [o assunto] para um advogado da Procuradoria-Geral da República ao nível do distrital. Só que a Procuradoria disse-nos que não tinha conhecimento do caso e que não houve nenhuma detenção de um jornalista.

Jeremias Langa, Journalist Soico - Global Media Forum
Jeremias Langa, jornalista e membro do MISA MoçambiqueFoto: DW/N. Issufo

DW África: Existe a preocupação de que estejamos na presença de um caso semelhante ao do jornalista Ibraimo Mbaruco, que supostamente foi detido pela polícia, mas a própria polícia diz desconhecer o seu paradeiro?

JL: Na verdade, a primeira ideia que tivemos foi essa. É uma preocupação, para ser mais preciso. Há características comuns. Ele foi detido quando estava em serviço, num distrito onde a situação em termos militares não é muito boa. E o facto de que, tal como aconteceu com Ibraimo Mbaruco, as autoridades não assumirem até agora esta detenção.

DW África: E o jornalista está localizado? Há provas de que ele está numa esquadra nesta localidade e que goza de integridade física?

JL: Não temos ainda essas evidências. Temos estado em contacto com a família dele, que também está preocupada e não sabemos qual é o estado dele, nem onde é que ele se encontra exatamente.

DW África: Que ações paralelas estão a ser tomadas para garantir a soltura ou eventual aparecimento do jornalista do portal "Pinnacle News”?

JL: Neste momento, a nossa prioridade é garantir que o Estado tenha uma ação concreta e que desenvolva esta ação dentro dos mecanismos formais existentes e legais.

DW África: Mas já passou o prazo legal para Arlindo Chissale ser presente ao Ministério Público, certo?

JL: Já, são 72 horas.