Conferência de doadores arranca na Beira
31 de maio de 2019Em Moçambique, começou esta sexta-feira (31.05) na cidade da Beira a conferência internacional de doadores para reconstruir as zonas afetadas pelos ciclones Idai e Kenneth, no centro e norte do país. Governo, autarcas das áreas afetadas, parceiros de cooperação e doadores debatem, em conjunto, áreas prioritárias.
Segundo o Governo moçambicano, são necessários cerca de 3,2 mil milhões de dólares (2,8 mil milhões de euros) para os trabalhos de reconstrução.
"Após os levantamentos dos danos e perdas, os peritos das Nações Unidas, do Banco Mundial e União Europeia validaram os resultados que apontam para a necessidade de 3,2 mil milhões de dólares norte-americanos para a reconstrução de infraestruturas económicas e sociais, bem como a recuperação do setor produtivo privado e social", afirmou o ministro das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos, João Machatine, no arranque da conferência.
Desafios
A tarefa de reconstrução é gigante, pois dezenas de milhares de casas ficaram destruídas e muitas infraestruturas foram severamente danificadas com a passagem dos dois ciclones. E 3,2 mil milhões de dólares é o montante que o Governo pede para a reconstrução, mas ainda não se sabe o valor que conseguirá angariar no final.
Segundo Francisco Pereira, diretor executivo do Gabinete de Reconstrução Pós-Ciclones Idai e Kenneth, quase 22 milhões de pessoas continuam a precisar de ajuda urgente. "Há cerca de dois milhões de órfãs e crianças vulneráveis e mais de 75% dos idosos afetados necessitam de assistência urgente. E há também pessoas com deficiência, que também foram diretamente afetadas pelo desastre", acrescenta.
As necessidades são muitas. Pereira diz que é preciso investir rapidamente num vasto leque de áreas, como a alimentação, habitação, educação, saúde e também nos setores produtivos.
Resiliência
Um tema recorrente nesta conferência é a necessidade de construir casas mais resistentes às intempéries: "Sinto que há um consenso sobre a questão de reconstruir melhor - e não como antes", afirma Mathias Spaliviero, da ONU-Habitat.
"Os intervenientes mencionaram a ONU-Habitat, e queremos dar assistência técnica. Queremos trabalhar em conjunto com o gabinete de reconstrução, mas também com os municípios e o Governo central de Maputo, com vários intervenientes, para que o impacto seja maior", diz Spaliviero.
Os participantes da conferência na Beira passaram grande parte deste primeiro dia a debater prioridades e, para Francisco Pereira, do gabinete de reconstrução, "o grande exercício agora é como priorizar as prioridades dentro das prioridades".
É um desafio que os 700 participantes terão de resolver até este sábado (01.06), o último dia da conferência internacional de doadores na Beira. As reuniões desta sexta-feira foram à porta fechada. O relatório final da conferência só deverá ser conhecido ao ifinal do dia de sábado.