Moçambique: Comerciantes são os mais vulneráveis à Covid-19
31 de agosto de 2020As autoridades sanitárias estão ainda preocupadas com os casos de estigma e discriminação dos infetados e prometem intensificar as campanhas para combater o problema.
O inquérito seroepidemiologico realizado de 3 a 24 de agosto pelo Instituto Nacional de Saúde indica que, de forma geral, todos os distritos municipais da capital moçambicana encontram-se afetados pela Covid-19. O total é de 1.340 infeções até o domingo (30.08). Há três semanas, a cidade de Maputo atingiu o padrão de transmissão comunitária.
Seropositividade
A taxa média de seropositividade é de 3,79%. Por outro lado, todas as faixas etárias estão igualmente afetadas pela Covid-19.
A delegada do Instituto Nacional de Saúde em Maputo, Edna Viegas, destaca que dois grupos etários apresentam maior taxa de positividade. "São os grupos dos 15 aos 34 anos e o grupo dos 60 e mais anos, cujas taxas de positividade são superior a 4%".
Segundo Edna Viegas, todos os grupos profissionais abrangidos pelo inquérito - nomeadamente profissionais de saúde, vendedores de mercados, transportadores, funcionários de estabelecimentos comerciais, funcionários dos portos e aeroportos, polícias, funcionários e residentes em lares de idosos - estão afetados pela Covid-19.
Mas, observa que, tal como nos outros inquéritos já realizados. "Nota-se maior expressão a nível dos mercados, com uma taxa de positividade de 5,22% seguido dos estabelecimentos comerciais e das forças policiais".
Por exemplo, há quatro mercados que apresentaram taxas de positividade no teste rápido superiores a 7%.
Combate ao estigma
Para alterar este cenário, o ministro da Saúde, Armindo Tiago, disse que as autoridades sanitárias vão levar a cabo um conjunto de medidas que incluem uma campanha intensa de combate ao estigma e discriminação a Covid-19.
"Vimos mesmo que durante o inquérito pessoas que deviam participar ou não aceitaram ou então, quando souberam o seu resultado, também começaram a ter problemas".
Moçambique prevê para esta terça-feira (01.09) a entrada em vigor da segunda fase do desconfinamento das medidas restritivas do combate à Covid-19.
Esta fase vai abranger áreas consideradas de médio risco, depois de terem sido retomadas as aulas de nível superior, os cultos e varias actividades económicas, entre outras.
A retoma das atividades está condicionada ao cumprimento de um protocolo sanitário, facto que levou alguns setores a manterem-se encerrados por não reunirem os requisitos exigidos.
Nesta segunda-feira (31.8), Benigna Matsinhe, da Direção Nacional de Saúde, deixou um apelo. "Gostaríamos de alertar, mais uma vez, que esta retoma das atividades deve acontecer de forma gradual, cautelosa, seguindo rigorosamente com o cumprimento de todas as medidas de prevenção".