Moçambique: Beira prepara-se para o ciclone Freddy
23 de fevereiro de 2023As autoridades suspenderam o trânsito de camiões pesados desde a manhã desta quinta-feira (23.02) na Estrada Nacional 6 (EN6), que liga a cidade portuária da Beira várias províncias e aos países vizinhos, por causa do galgamento da estrada pelas águas das chuvas que se abatem na região.
O caudal do rio Pungué transbordou e as águas arrastaram consigo as terras que sustentam a EN6)na região de Mutua. Uma das faixas de rodagem acabou por desabar. A situação é tensa, diz o delegado da Administração Nacional de Estradas (ANE) em Sofala, Egídio Morais.
As águas arrastaram "dois camiões de grande tonelagem. Também foi arrastado uma minibus de trinta lugares", informou Morais, que acrescentou estar uma equipa a trabalhar no local para tornar a via transitável.
A chuva intensa que caiu nas últimas horas causou pelo menos uma morte e inundações urbanas nas cidades de Beira e Dondo. Mais de duas mil casas foram afetadas.
Danos atuais não são da responsabilidade do ciclone
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia de Moçambique em Sofala, a queda pluviométrica resultou de uma baixa pressão registada na região central do país, que aparentemente não está associada ao ciclone tropical Freddy.
A região centro e sul de Moçambique aguarda a chegada do ciclone nas próximas horas.
Uma brigada do conselho de ministros chefiada pelo ministro dos Recursos Minerais e Energia, Carlos Zacarias, está a postos em Sofala para monitorar o fenómeno. Outras brigadas ministeriais foram destacadas para as províncias de Inhambane e Gaza.
População tenta preparar-se o melhor que pode
O ministro dos Recursos Minerais disse à DW África, esta quinta-feira (23.02), que foram envidados tosos os esforços para fazer face ao ciclone. "Tomámos as medidas necessárias", assegurou Zacarias, acrescentando: "O trabalho nas próximas horas será talvez muito desafiante. É necessário que haja comunicação para mitigar os efeitos de uma situação catastrófica."
A população na Beira e arredores vai fazendo o que pode para minimizar potenciais efeitos do ciclone Freddy, diz o residente Paulo Nguenha, que está a colocar pesos em cima da sua casa.
"A casa sofreu com ciclones passados. Estamos a pôr sacos de areia em cima dos tetos", disse Hermínia Emília, uma moradora local. "Vamos fechar as janelas para o ar não entrar, porque quando entra, a tendência é de arrancar as chapas e paredes", acrescentou Menalda Xavier, outra munícipe.
A atual época chuvosa em Moçambique já fez 95 mortes e causou prejuízos a cerca de 100.000 pessoas, segundo os últimos dados oficiais.