Moçambique: Ano Novo com menos frango e ovos em Tete
30 de dezembro de 2017Alguns dias antes das festas de Ano Novo, a província de Tete, no centro de Moçambique, já registava a escassez de frango e ovos no mercado.
Na capital provincial Tete, o facto preocupa consumidores e revendedores que temem passar o Ano Novo sem frango, um dos alimentos básicos que não pode faltar na mesa dos moçambicanos em dias festivos.
Num dos mercados da cidade, o consumidor Santos Alficha estava à procura de frango, esta sexta-feira (29.12), mas disse que estava a ser difícil encontrar o produto. "Muitas lojas não têm frango, e as que têm subiram o preço da mercadoria", lamentou.
O vendedor Moisés Jone disse à DW África que o problema da falta de frangos em Tete não é novo, mas que piorou nesta quadra festiva. "Antes, eu adquiria uma média de 500 frangos, mas hoje consigui apenas 60", afirmou.
De acordo com Jone, a demanda pela ave é ainda maior neste período do ano, mas os vendedores "não estão a conseguir safisfazer os clientes, porque lá onde adquirimos o frango também está difícil", revelou.
Ovos também estão em falta
Para além do frango, alguns dos principais mercados da cidade de Tete também estão a registar uma redução nos estoques de ovos.
Benedita Tungadza trabalha como distribuidora de ovos em Tete. Em tempos normais, ela conta, costumava adquirir mais de 250 caixas de ovos. No entanto, atualmente apenas consegue comprar 10 caixas para revender.
"Lá no Chimoio, onde compramos, há muita falta", disse Benedita, enquanto acabava de descarregar mais de 100 caixas de ovos que importou do vizinho Malawi.
"Estamos a recorrer ao Malawi para, pelo menos, trazermos algum produto [ovos] para que as pessoas passem o final do ano", avançou Tungadza, salientando que o valor praticado no Malawi é muito mais alto, se comparado com o que é praticado em Chimoio.
No Malawi, cada caixa custa, em média, 2.500 meticais (cerca de 37 euros). Já em Chimoio, a caixa de ovos custa 2.200 meticais (cerca de 31 euros).
Governo de Tete autoriza importação de frango
A crise de frangos e ovos em Tete é causada pela fraca capacidade de fornecimento de uma das maiores empresas de criação de frangos do país, a Abílio Antunes, cuja sede está na cidade de Chimoio.
Para contornar a situação, o Governo provincial de Tete já autorizou a importação de 250 toneladas de frango a partir do Malawi, através de uma empresa especializada para o efeito. "Com esta quantidade, acreditamos que a crise será minimizada", assegurou João Feliciano, diretor provincial da Indústria e Comércio de Tete.
João Feliciano garante ainda que a província já recebeu do Malawi cerca de 50 toneladas de frango. "Estamos a supervisionar a situação para que todos passem as festas com frango e ovos", disse.
Em relação aos ovos, João Feliciano disse que a situação ainda não é grave, mas que o setor que dirige está a monitorar a situação.
Especulação de preços
A crise, aliada à maior procura e pouca oferta de frangos e ovos, está a provocar a especulação dos preços também em alguns supermercados de Tete. Por exemplo, uma unidade de frango de 1.100 quilogramas, que antes era adquirida por cerca de 210 meticais (três euros), está a ser vendida por 265 meticais (aproximandamente quatro euros).
Moisés Jone justifica a subida do preço, dizendo que os vendedores também estão a comprar caro dos fornecedores.
Em relação ao ovo, até esta sexta-feira (29.12), um favo de 24 unidades custava, em média, 265 meticais (cerca de quatro euros), contra os anteriores 240-250 meticais (pouco mais de três euros).
Benedita Tungadza salienta que, no Malawi, a cada dia que passa, o preço de caixa de ovos está a sofrer um agravamento de pelo menos 50 meticais (0,7 cêntimos de euro).