Adolescentes envolvidos no tráfico de drogas na Zambézia
15 de julho de 2020Todas as semanas há relatos de apreensões e detenções por consumo de drogas na província da Zambézia. A droga mais consumida e apreendida pelas autoridades é a cannabis, localmente conhecida por suruma, segundo o porta-voz da polícia na província central da Zambézia Sidner Lonzo. "Nós já registamos a apreensão de largas quantidades de cannabis principalmente nos distritos de Morrumbala e Mulambo”.
As autoridades não estão preocupadas apenas com o aumento do tráfico de drogas na Zambézia. Também estão preocupadas porque os traficantes e os consumidores são adolescentes e jovens maioritariamente com idades entre os 14 e os 28 anos.
Envolvimento de jovens no tráfico preocupa autoridades
Esta semana, duas jovens foram detidas por alegado envolvimento no tráfico de drogas. Miguel Caetano, chefe de relações públicas da Polícia da República de Moçambique (PRM), revela que "a segunda cidadã envolvida neste caso,estava na posse de 17 embrulhos de haxixe. Tinha também duas agulhas, seringas e algumas laminas, instrumentos esses que serviam para ministrar a droga.”
A polícia da Zambézia diz que a produção de cannabis está a aumentar muito nos distritos de Mulumbo, Milange e Morrumbala, na fronteira com o Malawi. No ano passado, o país vizinho aprovou uma lei que permite a livre circulação e comercialização de cannabis. E a população começou a cultivar enormes quantidades para comercializar, explicou Sidner Lonzo.
Jovens consumidores desistem do tratamento
Uma solução para Lonzo seria "fazer um trabalho extremamente apurado para desmantelar mais focos de plantio de cannabis". E acrescenta: "Há necessidade de fortalecer os laços com todas autoridades que trabalham na linha de frente para combater este tráfico de drogas. Afinal, quando estas drogas entram aqui no nosso país são consumidas por adolescentes e jovens, o que também contribui em grande medida para a delinquência juvenil."
Segundo Mariamo Abubacar, psiquiatra do Hospital Geral de Quelimane, no início do ano foram atendidos vários jovens com alterações mentais por causa do consumo de drogas pesadas. Mas nem todos fazes os tratamentos até ao fim, lamenta a psiquiatra.
"Só o hospital (geral de Quelimane) atendeu 15 casos, sete de consumo de múltiplas drogas, por pacientes com idade entre 15 a 38 anos de idade. Consomem álcool, heroína, suruma e outras drogas. Eles não vêm pedir para deixar de consumir drogas. Chegam apresentando um quadro psicótico nos serviços de urgência e é para ver se os acalmamos. Muitos acabam desistindo do tratamento”, disse a médica à DW África.