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Moçambique: ADECRU e parceiros apoiam vítimas do Idai

Amós Fernando (Tete)
12 de julho de 2019

Ação Académica para o Desenvolvimento das Comunidades Rurais (ADECRU) e parceiros providenciam assistência médica e psicológica às vítimas do Idai, para além de apoiarem na reconstrução das infraestuturas pós-ciclone.

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Deutschland Jeremias Vunjanhe
Jeremias Vunjanhe, coordenador da ADECRUFoto: DW/J. Beck

Quatro meses depois do ciclone Idai ter atingido província de Sofala, no centro de Moçambique, chegou na manhã desta sexta-feira (12.07.) à cidade da Beira, capital da província, António Guterres, secretário-geral da ONU. O ex-primeiro-ministro português está a visitar as áreas afetadas pelo ciclone Idai, estando previstos encontros com o governador da província de Sofala, Alberto Mondlane, com equipa de ajuda humanitária das Nações Unidas e com o presidente do Conselho Municipal da Cidade da Beira.

O secretário-geral da ONU vai ainda visitar a escola 25 de Junho, bairro da Munhava, o centro de reassentamento de Mandruzi no distrito de Dondo e as instalações da UNICEF e do Programa Mundial Alimentar (PMA).

O ciclone Idai que atingiu o centro de Moçambique entre os dias 14 e 15 de março passado, provocou 604 vítimas mortais e afetou cerca de 1,8 milhões de pessoas, muitas delas enfrentando ainda várias carências.

ADECRU apoia as vítimas do ciclone Idai

Por exemplo, na localidade de Hamamba, no distrito de Chibabava, sul da província de Sofala, mais de 10 mil pessoas vítimas do ciclone, estiveram isoladas até finais de Abril, e sem apoio das autoridades, muito menos da solidariedade internacional.

Há dois meses, começou a chegar aquela localidade algum apoio providenciado pela Ação Académica para o Desenvolvimento das Comunidades Rurais (ADECRU), uma organização não-governamental moçambicana que trabalha em parceria com o Movimento sem Terras do Brasil, uma rede alemã, designada INKOTA e uma organização zambiana de agro-ecologia.

Jeramias Vunhanhe é coordenador da ADECRU e explica em que consiste esse apoio.

"Em levar a solidariedade às comunidades afectadas pelo ciclone Idai, no distrito de Chibabava, através de três componentes, assistência médica, agricultura e construção civil, no sentido de recuperação das habitações e pensar em modelos alternativos de habitações”, diz Vunjanhe.

Assistência médica e psicológica, fundamentais

Foi mobilizada para aquela região, com ajuda do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), uma equipa voluntária de médicos de várias especialidades e também três psicólogos que assistem gratuitamente as comunidades locais. Garante Jeremias Vunjanhe que já foram assistidas cerca 700 pessoas e a malária está no topo das doenças diagnosticadas.

"Para nós a parte da saúde é muito fundamental, por isso temos médicos comunitários, que andam casa a casa”, acrescenta Vunjanhe.

Com a passagem do ciclone Idai pelas províncias de Sofala, Manica e Tete em Moçambique muitas culturas foram perdidas, por isso que a ADECRU e seus parceiros tentam atualmente recuperar os campos agrícolas em Hamamba.

Mosambik Feldkrankenhaus in Macurungo, Beira
Hospital e campanha (Macurungo - Beira)Foto: DW/F. Forner

"Já temos cinco hortas comunitárias, no sistema de produção e multiplicação de sementes para a comunidade conseguir suportar esta época em termos de hortícolas, mas também sob ponto de vista de preparação da época agrícola 2019-20120 que se avizinha”, garante, o coordenador da ADECRU, Jeramias Vunhanhe, tendo acrescentado que o apoio àquelas comunidades vai estender-se até ao final do ano.

Solidariedade internacional continua a chegar às vítimas

Estão também no terreno, dois engenheiros oriundos da Zâmbia que estão a ensinar as famílias, as técnicas de construção de infra-estruturas resilientes, usando material local.

A Alemanha também está a dar o seu contributo à região com apoio financeiro, através de um apelo de solidariedade internacional, lançado pela rede INKOTA, conforme descreve Christine Wiid, a gestora de programas para Moçambique. 

"Quando ouvimos as notícias e vimos as imagens sobre o ciclone, achamos que devemos apoiar e a maneira mais fácil é através de dinheiro”, explica Wiid, acrescentando que "lançámos um apelo internacional e os nossos parceiros, doadores privados e amigos contribuíram com doações e nós enviámos este dinheiro (cinco mil euros) para a ADECRU por que sabíamos que eles vão saber aonde devem aplicar”.

Jeremias Vunjanhe diz que o montante recolhido pela INKOTA foi utilizado na composição de kits básicos de alimentação para mais de 100 famílias consideradas vulneráveis.

Por outro lado, a organização Alemã, INKOTA também está envolvida em trabalhos de recuperação de campos agrícolas, destruídos pelo Idai, nos distritos de Gondola e Sussundenga em Manica, em parceria com a União Nacional de Camponeses (UNAC).

Ainda de acordo com o coordenador da ADECRU, também existe uma grande onda de solidariedade interna como as ajudas prestadas por membros da população do vizinho distrito de Búzi que estão apoiar as comunidades de Hamamba na reconstrução das suas vidas após o ciclone.

Artigo atualizado às 15:01 (CET) de 15 de julho de 2019, corrigindo o nome dos parceiros da ADECRU, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

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