Moçambicanos pedem medidas fortes para proteger o ambiente
27 de novembro de 2015
“Queremos respirar”. Este é o pedido feito por diversas organizações não governamentais moçambicanas às nações mais poderosas e mais poluidoras do mundo. É um apelo feito nas vésperas da Cimeira do Clima na capital francesa, na qual estarão presentes mais de 140 chefes de Estado e de Governo.
A Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climtáticas (COP 21), decorrerá, em Paris, entre 30 de novembro e 11 de dezembro.
As organizações não governamentais moçambicanas dizem que não querem esperar mais: O mundo deve agir já, porque as mudanças climáticas ocorrem a cada segundo que passa.
Tânia Nhantumbo, da Associação Moçambicana de Reciclagem de resíduos sólidos, não tem dúvidas: "É o momento em que todos temos de agir, chamar a atenção a todo o mundo. Esta marcha é para passar a ideia de que queremos respirar e é responsabilidade de todos nós contribuirmos para que isso aconteça."
As organizações de defesa do meio ambiente pedem para que se cumpra o objetivo assumido internacionalmente de limitar o aumento da temperatura global a 2 graus Celsius, em relação aos níveis pré-industriais.
Consequências
Se isso não acontecer, "África vai arder", afirma o ambientalista Carlos Serra: "Nós vamos a COP 21 para também ter voz, vamos participar nos debates, procurar a nossa escala influenciar as questões do mundo. Juntos fazemos mais. Este não é tempo para apenas ficarmos a pensar na camisola do clube e ficarmos em grupos, contar com a sociedade civil, Governo e setor privado. Quanto mais desunidos pior, não vamos resolver nada."
As organizações esperam que a reunião de Paris sele um acordo que preencha o espaço deixado pelo protocolo de Kyoto, para salvar os países pobres e menos poluidores do mundo.
Guillaume Thieriot, da Embaixada da França em Maputo, já fez as contas. Se não se fizer nada, a temperatura global vai subir mais de quatro graus.
O diplomata diz que "as consequências não conseguimos medir, corremos o risco de perder o controlo do nosso clima, do nosso planeta, das consequências das catástrofes climáticas, das calamidades ligadas às mudanças climáticas que podem ocorrer. Moçambique conhece isso muito bem, na sua pele, eu diria. Moçambique conheceu na década de oitenta apenas oito choques ligados às mudanças climáticas: secas, cheias ou tempestades. Desde o ano 2000 Moçambique já conheceu 31 choques, secas, cheias ou tempestades."
Líderes mundiais e responsabilidade ambiental
Moçambique é dos países do mundo mais afetados pelas mudanças climáticas. Sheila Rafi, ambientalista na Livaningo, lembra quem paga a fatura pelo desrespeito ao meio ambiente: "Nós os países do terceiro mundo estamos a sentir as consequências daqueles que não estão a cuidar do ambiente há anos. Então, estamos a viver temporais fora de época, mudanças de estações, subida do nível de água, as nossas praias estão a estragar-se, o saneamento... Por sermos também um país costeiro, quando se abrem as barragens estamos constantemente com cheias. Com uma pequena chuva temos cheias."
Por tudo isso Sheila Rafi deixa um apelo aos líderes mundiais que se reunem em Paris a partir da próxima semana: "Nós queremos pedir, que este acordo represente, realmente, a consciência e uma responsabilidade ambiental."