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Morte de Dhlakama desmotiva recenseamento em Quelimane

10 de maio de 2018

Populares sentem-se desmotivados sem Dhlakama no comando da oposição moçambicana. Alguns afirmam que, após a morte do líder da RENAMO, não vão recensear-se. Outros, que já se recensearam, dizem que não vão votar.

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Mosambik Wahl
Foto: DW/M. Mueia

Na província da Zambézia, no centro de Moçambique, os populares dizem que o ambiente mudou desde o passado dia 3 de maio, dia da morte do líder da Resistência Nacional Moçambicana  (RENAMO), Afonso Dhlakama, que foi sepultado esta quinta-feira (10.06) na sua terra natal, Mangunde. 

Em Quelimane, a maior cidade desta província, alguns residentes dizem ter perdido a vontade de ir votar nas próximas autárquicas, agendadas para outubro, porque Afonso Dhlakama morreu. É o caso de "Tembe" que, em entrevista à DW África, afirma estar "desapontado".

"Recenseei-me, mas já não tenho vontade de fazer nada pela sociedade ou pelo povo. A afluência [ao recenseamento] está muito fraca. Perdemos um grande senhor que protegia a nossa pátria. A liberdade de expressão [conquistada] foi graças a ele", disse.

Uma opinião partilhada por Novénio Esvêncio, também residente nesta província, que acrescenta que o "clima de desmotivação é geral".

Zambézia: Morte de Dhlakama desmotiva populares a recensear-se

Segundo este moçambicano, há muitas pessoas "que já se recensearam" e que "dizem que não vão votar porque o líder da RENAMO perdeu a vida".

Novénio Esvêncio diz também que a "afluência aos postos de recenseamento está muito fraca"  com apenas "três ou quatro pessoas". Uma realidade "dolorosa” que, diz este moçambicano, "é preocupante".

Outros residentes confessam que, depois da morte do líder da RENAMO, não vão sequer recensear-se. Um cidadão, que pediu para não ser identificado, explica à DW África que não se vai recensear porque Afonso Dhlakama era a sua principal fonte de inspiração e porque esperava que, com a ajuda dele, fosse eleito em Quelimane um edil da RENAMO, à semelhança do que aconteceu em Nampula.

"Não faleceu a RENAMO"

No entanto, há também quem chame a atenção para as consequências que não participar nas eleições pode trazer.

"Como munícipe da cidade de Quelimane, sei que as pessoas estão dececionadas e não querem votar. Mas não recensear-se será pior. Faleceu o líder da RENAMO, não faleceu a RENAMO”, afirma à DW África um outro moçambicano que também não quis ser identificado.

Possível alargamento do prazo

Previa-se o recenseamento de cerca de oito milhões de eleitores nas 53 autarquias que vão a votos para escolher as Assembleias Municipais e o Presidente da autarquia, a 10 de outubro, mas estas metas não foram alcançadas.

Em Quelimane, de acordo com os dados avançados, recentemente, pelo diretor do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) na cidade, Ismael Rodrigues, uma parte significativa dos eleitores já se registaram para as eleições.

No Quinto Bairro, a unidade residencial mais distante da cidade de Quelimane, o recenseamento tem corrido bem. Mas, ainda assim, Abibo Aliz, fiscal da mesa de recenseamento da Escola Primária de Namuinho, prevê que o processo – cuja data de término está agendada para 17 de maio - seja prolongado.

"Tudo está a andar muito bem. Há dias que recenseamos 80 ou 90 eleitores, mas acho que o recenseamento se vai prolongar porque temos mais população”, disse.

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