Mortalidade infantil dispara em hospital angolano
12 de maio de 2011“Estamos aqui desde ontem e não conseguem dar assistência às crianças. Estamos a dormir até na casa de banho, tipo quatro pessoas numa cama. É triste”, desabafa Juliana Chá, uma das muitas mães que se deslocaram ao banco de urgência do Hospital Pediátrico “David Bernardino”, à procura de assistência médica para os filhos. A unidade hospitalar não tem capacidade para atender todos os pacientes. As suas próprias estatísticas indicam que, todos os dias, são observados cerca de 400 doentes. Apenas num dia, foram internadas 96 crianças, das quais 14 morreram.
Por dia morrem doze crianças
A malária continua a ser a principal causa de morte, seguida de anemias, doenças respiratórias e má nutrição. A médica, Ermelinda Soito Ferreira, que na altura em que a interpelámos, acabava de reanimar uma criança, admite que a situação é preocupante, pois por dia morrem aqui cerca de doze crianças: “O número previsto de crianças doentes para esta enfermaria é 31. Mas, neste momento, temos aqui cerca de 130 crianças”, diz a médica, realçando que para além das crianças, também estão aqui os pais.
Estes são unânimes em apelar para a melhoria urgente das condições na clínica. Mas não culpam os médicos, que, como diz um pai, também só conseguem “exercer a sua profissão se tiverem condições dignas”.
Pais exigem melhores condições
Não obstante todas as dificuldades, o pessoal médico não poupa esforços para salvar a vida das crianças, garante a enfermeira, Ana de Lurdes. Mas acrescenta: “As nossas dificuldades são várias. O hospital é pequeno e a procura é grande. O espaço devia ser ampliado. Não temos camas. Há muita gente no chão”.
Luanda é uma cidade com cerca de seis milhões de habitantes. Há pouco saneamento básico. Com o fim da época das chuvas, cresce a incidência de doenças causadas por esta grave lacuna.
Autor: Manuel Vieira (Luanda)/Cristina Krippahl
Revisão: António Rocha